Esta gordura oculta pode avisar sobre o Alzheimer 20 anos antes
O estudo ainda revela outros fatores metabólicos que estão ligados ao Alzheimer, destacando as possibilidades de prevenção
A descoberta de uma relação entre gordura visceral e Alzheimer pode mudar a forma de entender e prevenir essa doença.
Cientistas identificaram que a gordura visceral — também chamada de oculta, por se alojar entre os órgãos — está associada a níveis mais altos de proteínas ligadas ao desenvolvimento da doença, décadas antes dos primeiros sintomas surgirem.
O que é a gordura visceral?
Diferente da gordura subcutânea, que fica sob a pele e é mais aparente, a gordura visceral se acumula entre os órgãos no abdômen, sendo de difícil percepção.
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Apesar de não ser visível, ela pode ter impactos profundos na saúde, incluindo o aumento do risco de doenças metabólicas e cardiovasculares.
Como a gordura visceral está ligada ao Alzheimer?
Pesquisadores do Instituto de Radiologia Mallinckrodt, da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, analisaram 80 pessoas com idade média de 49 anos, todas sem sinais de problemas cognitivos.
Por meio de ressonâncias magnéticas e exames metabólicos, descobriram que altos níveis de gordura visceral estavam relacionados a uma maior presença das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro. Essas substâncias são conhecidas por formar placas que contribuem para o Alzheimer.
Curiosamente, essa relação foi observada até 20 anos antes do surgimento dos sintomas típicos da doença. Esse achado reforça a ideia de que a prevenção deve começar cedo, principalmente por meio de mudanças no estilo de vida.
Além da gordura visceral, outros fatores metabólicos foram associados ao Alzheimer. Pessoas com maior resistência à insulina e menores níveis de HDL (o “bom colesterol”) também apresentaram mais beta-amiloide no cérebro. Isso sugere que os problemas metabólicos comuns na obesidade podem acelerar o processo de desenvolvimento da doença.
Importância da descoberta
O estudo reforça que o controle do peso, a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de exercícios vão além de proteger o coração — eles desempenham um papel essencial na preservação da saúde cerebral. Essa conexão entre metabolismo e cérebro destaca a necessidade de cuidar do corpo como uma forma de prevenir doenças neurodegenerativas.
“Sabendo que a obesidade visceral afeta negativamente o cérebro, abre-se a possibilidade de que o tratamento com modificações no estilo de vida ou medicamentos apropriados para perda de peso possa melhorar o fluxo sanguíneo cerebral e, potencialmente, diminuir a carga e reduzir o risco da doença de Alzheimer”, pontuou o autor sênior do estudo, Cyrus A. Raji.
Outro ponto relevante é que intervenções realizadas ainda na meia-idade, como a redução da gordura visceral, podem ser mais eficazes na prevenção ou atraso do Alzheimer. Isso ocorre porque, nessa fase da vida, o cérebro ainda está em um estágio inicial do acúmulo das proteínas associadas à doença.
“Esse resultado crucial foi descoberto porque investigamos a patologia da doença de Alzheimer já na meia-idade, nos anos 40 e 50, quando a doença está em seus estágios iniciais, e possíveis modificações, como perda de peso e redução da gordura visceral, são mais eficazes como meio de prevenir ou retardar o início da doença”, disse a principal autora do estudo, Mahsa Dolatshahi, em comunicado.
Além disso, manter um bom acompanhamento médico pode ajudar a monitorar fatores metabólicos e lipídicos que também influenciam a saúde do cérebro.