Humanos transmitem mais doenças aos animais que o contrário

Estudo revela impacto e soluções para a rota inversa das epidemias

É sabido há tempos que doenças podem saltar de animais para humanos, trazendo consigo uma série de novos desafios para a saúde pública.

No entanto, uma reviravolta nessa narrativa revela que o fluxo contrário – de humanos para animais – é ainda mais significativo e preocupante do que se pensava anteriormente.

Um novo estudo, divulgado pela renomada revista Nature, destaca a intensidade com que os seres humanos estão transmitindo doenças para a fauna selvagem.

A pesquisa revela uma nova perspectiva sobre o impacto humano no meio ambiente, destacando que a transmissão de patógenos pode ser bidirecional.

Humanos transmitem mais doenças aos animais que o contrário
Créditos: iSTock
Humanos transmitem mais doenças aos animais que o contrário

A rota inversa das epidemias: dos humanos para os animais

A investigação conduzida analisou 32 famílias de vírus, representando mais de 2 mil doenças capazes de afetar diversas espécies.

No entanto, resultados surpreendentes foram encontrados: 599 espécies de vírus, que correspondem a 21% do total estudado, foram identificadas tanto em humanos quanto em outros animais.

Contudo, em 64% desses casos, evidências baseadas em análise de DNA viral indicaram que os vírus saltaram de humanos para animais.

Patógenos como a Covid-19 e a gripe aviária têm origens animais, mas foram disseminados para esses mesmos animais pela atividade humana.

Seres humanos transmitiram o coronavírus para 132 tipos de animais e a gripe para pelo menos 37 espécies.

Qual vírus representa maior risco atualmente?

Entre os diversos agentes patogênicos analisados, o vírus H5N1, responsável pela gripe aviária, foi destacado como uma ameaça emergente.

Mas, o biólogo e analista de dados François Balloux, do estudo, destacou a capacidade do vírus de saltar entre aves selvagens, outras espécies e humanos, ressaltando a preocupação com a falta de imunidade pré-existente.

Impacto visível: a mortandade de leões-marinhos no Chile

Uma das consequências mais visíveis dessa problemática é a morte de mais de 1,5 mil leões-marinhos, registrada nas praias do Chile em 2023, atribuída à gripe aviária.

Portanto, este evento ressalta a gravidade do problema e a necessidade urgente de ações para mitigar a transmissão de doenças de humanos para a vida selvagem.