Infância instável pode aumentar risco de depressão na vida adulta

Ambientes estáveis são fundamentais para a saúde mental das crianças, aponta estudo sobre mudança de residência

Por Thatyana Costa em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
27/11/2024 07:19

Qual a relação entre mudanças de residência e o risco de depressão?
Qual a relação entre mudanças de residência e o risco de depressão? - VitalikRadko/DepositPhotos

Um novo estudo dinamarquês revela que mudanças frequentes de residência durante a infância aumentam as chances de depressão na fase adulta. O estudo destaca a importância de um ambiente estável para o desenvolvimento saudável das crianças.

Mudanças frequentes na infância aumentam risco de depressão

Pesquisadores dinamarqueses analisaram dados de cerca de 1,1 milhão de pessoas nascidas entre 1981 e 2001, que viveram na Dinamarca até os 15 anos. O estudo, publicado na revista Jama Psychiatry, concluiu que crianças e adolescentes que se mudam diversas vezes antes dessa idade apresentam um risco 40% maior de desenvolver depressão na vida adulta.

A pesquisa revelou que as mudanças de residência, independentemente da classe social do bairro, impactam negativamente a saúde mental a longo prazo. Crianças que se mudam uma vez entre os 10 e 15 anos têm 41% mais chances de sofrer de depressão na vida adulta, enquanto aquelas que mudam duas ou mais vezes apresentam 61% mais risco.

Estabilidade na infância como proteção para a saúde mental

Os cientistas enfatizam que um ambiente estável é crucial para o desenvolvimento emocional das crianças. Clive Sabel, professor da Universidade de Plymouth e líder do estudo, destacou que essa é a primeira pesquisa que conecta as mudanças frequentes de residência na infância a um aumento significativo no risco de doenças mentais, incluindo depressão.

Mudanças constantes afetam a construção das redes sociais das crianças, como amizades e conexões escolares, o que pode causar estresse e insegurança. Esse estresse pode resultar em sérios problemas psicológicos, como tentativas de suicídio, envolvimento com criminalidade e abuso de substâncias, como já indicado em estudos anteriores.

Como a mudança de residência impacta as crianças?

O estudo dinamarquês reforça evidências de que a instabilidade na infância está ligada a uma série de desafios psicológicos. Durante esse período, as crianças estão em um processo de construção de sua identidade e laços sociais, o que torna cada mudança de residência um obstáculo significativo. Adaptar-se a novos ambientes e fazer novos amigos pode ser especialmente difícil, o que pode resultar em sérios impactos emocionais.

Embora os dados analisados sejam específicos da Dinamarca, os pesquisadores acreditam que os resultados podem ser aplicáveis a outras regiões do mundo, refletindo um problema global que afeta a saúde mental das crianças.