Infeção fúngica atinge pacientes após mutirão de cirurgias

No início do mês de setembro em Macapá, capital do Amapá, mais de 100 pessoas sofreram complicações associadas a uma infeção fúngica nos olhos após um mutirão de cirurgias para catarata.

O evento, parte do programa Mais Visão, resultou na perda da visão de pelo menos 7 pessoas que tiveram que se submeter a uma evisceração (remoção do globo ocular). O Ministério Público do estado (MP-AP) está investigando o caso.

O que causou a infeção fúngica?

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Amapá (Sesa), as cirurgias ocorreram em 141 pacientes no dia 4 de setembro, e 104 desses apresentaram complicações.

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A Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) identificou a presença do fungo Fusarium, responsável pela fusariose, uma infecção que quando atinge a parte interna do olho (endoftalmite), apresenta um quadro grave.

O que se sabe sobre o fungo Fusarium?

O Ministério da Saúde informa que os fungos do gênero Fusarium estão presentes no meio ambiente, podendo ser encontrados em áreas como ar, água, solo, plantas e substratos orgânicos.

Eles são mais comuns em locais com clima tropical e subtropical e existem mais de 200 espécies que podem causar a fusariose.

Essa infecção é transmitida através da inalação dos esporos fúngicos, que também podem ser adquiridos pela inoculação direta na pele, como em uma ferida cirúrgica, por exemplo. Os locais mais comuns de entrada do fungo são os seios paranasais, pulmões e pele.

Quais são os sintomas do fungo Fusarium e como é realizado o tratamento?

Os sintomas da fusariose variam de acordo com a localização da contaminação. Alguns sinais comuns podem ser febre persistente, diminuição da consciência, mucosa avermelhada e edema nasal, palidez, taquicardia, dores musculares, tosse seca, falta de ar, olhos vermelhos e lacrimejantes, dor nos olhos, entre outros.

Para combater o fungo é importante a adoção de hábitos de higienização e o tratamento é realizado com o uso de medicações antifúngicas.

Casos de infecção na parte interna do olho, a endoftalmite, são raros mas graves. Nesses casos, pode ser necessária a realização de injeções intraoculares ou cirurgias chamadas de vitrectomia.

O caso do Amapá e o programa Mais Visão

Na sequência dos eventos no Amapá, 55 pacientes passaram por uma cirurgia para tentar reverter a infecção, enquanto que outros 14 realizaram transplante de córnea.

Já o programa Mais Visão, que iniciou em 2020 e realizou mais de 100 mil atendimentos, foi suspenso devido aos registros da infecção. A secretaria e o Ministério Público do Amapá estão conduzindo uma investigação do caso.

O programa é executado através de contrato de prestação de serviços com a instituição religiosa Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate (Capuchinhos) que, por sua vez, contrata uma outra empresa, a Saúde Link.