Ivermectina interfere na qualidade dos espermatozoides, diz pesquisa
Além de ser comprovadamente ineficaz contra a covid-19, o medicamento afeta a formação dos gametas
Uma pesquisa realizada na Nigéria em pacientes com oncocercose, infecção causada por um parasita, mostrou que a ivermectina provoca mutações nos espermatozoides, reduzindo, significativamente, o número e a mobilidade.
Dos 385 nigerianos selecionados inicialmente, 37, com número de espermatozoides considerado normal, seguiram no teste. Eles tinham entre 28 e 57 anos e foram medicados por 11 meses.
No fim, a pesquisa constatou que o esperma dos homens tratados com ivermectina desenvolveu mutações, como duplicidade de cabeça e cauda, desproporção e tendência ao albinismo.
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Além da função reprodutora, o remédio também causa efeitos indesejados no coração, fígado, rim e pulmões.
No Brasil, o uso do ivermectina ganhou força durante a pandemia e passou a ser o campeão de buscas em plataforma de consulta de medicamentos.
Ao lado da cloroquina, a ivermectina foi um dos remédios que foram sido amplamente defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro no tratamento da covid-19.
Fabricante nega eficácia contra coronavírus
A farmacêutica Merck, fabricante da ivermectina, afirmou em um comunicado que não existem evidências científicas sobre a eficácia do uso do medicamento contra covid-19. O remédio, indicado para o combate de infestações de parasitas, como vermes e piolhos, chegou a ser indicado pelo Ministério da Saúde para tratamento precoce da doença causada pelo novo coronavírus.
Segundo a farmacêutica, seus cientistas examinam cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis sobre o uso de ivermectina em pacientes com covid-19, mas até o momento, não encontrou evidências de um efeito positivo do remédio entre esses doentes.
“Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora”, diz o comunicado da empresa.