Como o hábito de limpar o nariz com o dedo pode afetar seu cérebro

Estudo revela que cutucar o nariz, além de anti-higiênico, pode representar um sério risco à saúde, permitindo que bactérias cheguem ao cérebro

28/11/2024 18:20

O ato de limpar o nariz com o dedo é mais comum do que você imagina, mas esse hábito pode ter consequências para a saúde que vão além da higiene.

Limpar o nariz com o dedo pode aumentar o risco de Alzheimer
Limpar o nariz com o dedo pode aumentar o risco de Alzheimer - iStock/David Petrus Ibars

Pesquisas sugerem uma possível ligação entre limpar o nariz com o dedo e o aumento do risco de doenças cerebrais, como a demência. 

Hábito de limpar o nariz com o dedo pode aumentar risco de Alzheimer

Especificamente, um estudo publicado na Scientific Reports por pesquisadores da Universidade Griffith, na Austrália, mostrou uma possível relação entre o ato de danificar os tecidos internos do nariz e o risco de doenças cerebrais, como a demência.

Os cientistas observaram que, ao lesionar o nariz, bactérias prejudiciais à saúde poderiam ter um caminho mais fácil até o cérebro, desencadeando respostas do órgão que se assemelham a condições como a doença de Alzheimer.

A pesquisa envolveu testes com camundongos, utilizando a bactéria Chlamydia pneumoniae, que pode causar pneumonia em humanos. Essa bactéria foi encontrada nos cérebros de várias pessoas com demência de início tardio.

O estudo revelou que a bactéria pode viajar rapidamente pelo nervo olfativo, que conecta a cavidade nasal ao cérebro, chegando ao sistema nervoso central em 24 a 72 horas. Quando o tecido do nariz é danificado, essa infecção se torna mais grave.

Qual a relação entre essa bactéria e o Alzheimer?

A presença da Chlamydia pneumoniae no cérebro dos camundongos levou a um aumento significativo da proteína beta-amiloide, uma das características da doença de Alzheimer.

O acúmulo dessa proteína no cérebro está associado à degeneração das células nervosas, o que pode contribuir para o desenvolvimento da demência.

Embora essa relação tenha sido observada em modelos animais, os pesquisadores alertam que a mesma dinâmica pode ocorrer em seres humanos.

“Somos os primeiros a mostrar que a Chlamydia pneumoniae pode subir diretamente pelo nariz e entrar no cérebro, onde pode desencadear patologias que se parecem com a doença de Alzheimer. Vimos isso acontecer em um modelo de camundongo, e a evidência é potencialmente assustadora para humanos também”, explicou o neurocientista James St John, da Universidade Griffith.

O que fazer para evitar esses riscos?

Embora a pesquisa ainda precise ser confirmada em estudos com humanos, os cientistas já recomendam precauções.

Evitar limpar o nariz com o dedo e arrancar os pelos nasais pode ser uma forma de proteger o tecido nasal e reduzir o risco de entrada de patógenos no corpo.

Além disso, é importante estar atento ao cuidado com a higiene nasal, para minimizar qualquer possível dano ao tecido que reveste a cavidade nasal.