Morgana Eneile, 35 anos, tem dois filhos – um de 17 anos e o outro de dois anos e seis meses – e os seus partos foram completamente diferentes. No primeiro, dar a luz a Dave foi uma experiência traumática: sem explicação do médico, ela foi submetida a sua cesariana, não contou com acompanhante e somente pegou o bebê no colo após 24 horas.

Ao engravidar novamente, buscou mais informações e, assim, conheceu as doulas, profissionais que dão suporte para a mulher antes, durante e após o nascimento da criança, sem que haja interferência no procedimento médico. “O parto do Teodoro foi o inverso. Eu somente pensava ‘eu consegui!’ Tive todo o apoio que precisava, peguei o meu filho logo depois do parto e me recuperei em algumas horas”, conta a gestora cultural.

Este suporte foi possível porque Teodoro nasceu em um hospital particular. As maternidades públicas do Rio de Janeiro não permitem o acesso de doulas. Por isso, a gestora cultural criou um abaixo-assinado na plataforma Change.org para que o secretária municipal de Saúde, Daniel Soranz, autorize que as mulheres possam ser acompanhadas por suas doulas.

“Esta profissional foi essencial para dialogar sobre as minhas dúvidas durante todo o processo. Foi à minha casa e conversou com a família, especialmente o meu filho de 15 anos”, conta Morgana. “A doula orienta a mulher sobre o momento correto de chegar à maternidade, para que ela não fique na porta esperando e pressionando a equipe médica, e é um elemento de tranquilidade tanto para a gestante quanto para o acompanhante – o pai do bebê na maioria das vezes. Todos saem ganhando.”

Morgana é observada pela doula e o pai do bebê após o nascimento do seu segundo filho

“A nossa demanda é simples e não gera despesa para o poder público. As mulheres que assim desejarem devem ter o direito de serem acompanhadas por suas doulas. A Secretaria de Saúde cria um cadastro destas profissionais e orienta as maternidades. Outras cidades, como Blumeneu e Sorocaba, já tomaram esta decisão e os resultados são positivos”, explica Morgana.

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Segundo pesquisas, o suporte de doulas às gestantes reduz em 31% o índice de mulheres com sentimentos negativos sobre a experiência de parto, em 21% a possibilidade de cesárea e em 10% o número de partos com fórceps ou extrator a vácuo.