Mãe conta que comprou drogas para ajudar filha dependente química
Uma mãe, em entrevista à BBC, revelou que uma crise de abstinência a levou a comprar drogas para a filha dependente de heroína.
“Ela estava encharcada de suor, vomitando, chorando, histérica, tremendo. Sentia-se terrivelmente mal, completamente desesperada. Eu tinha a sensação de que estava presa em um canto, como se não houvesse mais nada que pudesse fazer. Daí, falei com ela: existe alguma maneira de resolvermos isso ‘na rua’?”, disse a britânica em sua declaração.
Em seu depoimento a mulher conta a trajetória da filha desde o envolvimento com as drogas, aos 18 anos. A garota, antes ativa e trabalhadora, foi deixando tudo de lado e passou a dormir muito durante o dia.
Após insistir muito, ela descobriu o envolvimento da moça com a heroína. A garota alegava que se tratava apenas de diversão, mas a mãe via que o uso de drogas era acompanhado por episódios de depressão.
A família resolveu então dar um ultimato à filha, que preferiu sair da casa dos pais. Pouco depois, ela se alistou no exército, conseguindo emprego na Polícia Militar, nessa fase a família acreditou que o problema havia desaparecido. Cerca de um ano depois, a mãe passou a receber telefonemas da filha pedindo ajuda.
A partir disso, a família e colegas de trabalho começaram a perceber a exaustão da jovem. Ela acabou perdendo o emprego e nessa fase se desfez de todos seus pertences para comprar drogas.
“No início, minha filha disse que tomava drogas para se divertir. Depois de se tornar usuária pesada de drogas por cinco anos, ela passou a falar que o vício era para ajudá-la a anestesiar o que sentia e a fugir da realidade, para não ter no que pensar e com que se preocupar”, contou a mãe que fez tentativas de visitas a terapeutas a trancar a filha no quarto para que não tivesse acesso às drogas.
A garota também passou a praticar furtos dentro e fora de casa, sendo denunciada pelos pais à polícia. Na ocasião o juiz determinou que a infratora deveria se submeter a um tratamento de reabilitação, usando tornozeleira eletrônica por três meses, tendo que ficar em casa das 7h às 19h.
“Fomos, então, a um hospital público. Mas lá me disseram que minha filha era problema meu e teria de viver conosco”, diz. Sem auxílio do sistema público, que, segundo a mãe não fornecia metadona (narcótico utilizado no tratamento dos toxicodependentes de heroína) gratuitamente, a mulher acabou recorrendo a outros métodos para aliviar as crises da filha.
“Eu não comprei heroína pessoalmente. Só dirigi meu carro para um local e quando chegamos lá, ela saiu, se injetou e voltou. Mas de alguma forma, senti algo estranho comigo mesma, porque fiz algo que nunca me imaginaria fazendo”, relata a mãe.
Após isso, revoltado com a situação, o pai da garota resolveu escrever à BBC contando a história.
Atualmente a moça está em tratamento, recebendo metadona, e não faz mais uso de heroína. “Desde que ela começou a reabilitação, encaramos um dia após o outro. Foram cinco anos até chegarmos a esse ponto”, fala a mãe.
Confira o depoimento na íntegra no site da BBC.