Maioria das pessoas infectadas pela febre maculosa morreu
Saiba mais sobre essa doença transmitida por carrapatos e os riscos envolvidos
No ano passado, foram registrados 62 casos de pessoas com febre maculosa no estado de São Paulo, dos quais 47 resultaram em óbito. O alto índice de letalidade de 75% evidencia a periculosidade dessa doença, cujo principal vetor de transmissão é o carrapato-estrela. Recentemente, foi confirmada a morte de um casal em Campinas, reforçando a gravidade do problema.
Pessoas infectadas pela febre maculosa
A alta taxa de mortalidade resulta, em parte, do rápido progresso dos sintomas e da confusão com outras doenças. No entanto, em comparação com outras doenças, o número de pessoas infectadas pela febre maculosa é relativamente baixo.
No período de 2018 até março deste ano, foram registrados 1.216 casos de febre maculosa, com a maioria concentrada na região Sudeste do país.
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Dos casos registrados, 759 ocorreram nos estados dessa região, com destaque para São Paulo, que registrou 386 casos. Em relação aos óbitos, o total foi de 380 em todo o país, sendo 342 no Sudeste e, desse número, 219 ocorreram em municípios de São Paulo, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.
Durante o período de 2012 a 2022, não houve registro de mortes por febre maculosa na região Norte do Brasil. Embora a doença tenha sido confirmada em todas as regiões do país, os estados do Amazonas, Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe não apresentaram nenhum caso confirmado nesse período, conforme relatado pela agência Deutsche Welle.
Epicentro da febre maculosa brasileira
De acordo com o professor Matias Szabó, especialista em carrapatos da Universidade Federal de Uberlândia (MG), a região de Campinas é o epicentro da febre maculosa brasileira. No ano passado, a cidade registrou sete mortes em decorrência dessa doença transmitida por carrapatos.
Em 2018, a cidade de Americana, localizada na mesma região, declarou estado de emergência devido ao registro de 11 mortes por febre maculosa. Reservas e parques onde capivaras habitavam foram temporariamente fechados, com a imposição de multas para aqueles que adentrassem essas áreas.
Em Jundiaí, onde ocorreu o falecimento do piloto Marcelo Costa, não houve nenhum caso registrado da doença neste ano. A prefeitura esclareceu que as capivaras são animais da fauna silvestre e, portanto, estão protegidas por lei. Devido à sua adaptação a ambientes urbanos e ao seu instinto migratório, esses animais tendem a se aproximar mais da região central.
Por serem roedores e herbívoros, não representam risco de atacar os seres humanos. O Departamento de Meio Ambiente realiza monitoramento das colônias e orienta a população a estar atenta ao frequentar áreas onde podem existir carrapatos.
Taxa de mortalidade alta
As pessoas podem confundir a febre maculosa com outras doenças. “Trata-se de uma doença que pode ser tratada com antibióticos específicos, mas os sintomas iniciais podem se assemelhar aos de outras doenças, como leptospirose, dengue e até mesmo a covid.
A pessoa apresenta febre por dois ou três dias, enquanto a bactéria gradualmente danifica os vasos sanguíneos, resultando em lesões na pele. A situação pode se agravar rapidamente. Se não for tratada precocemente, a taxa de mortalidade é extremamente alta, ultrapassando os 80%.”
Os sintomas da febre maculosa progridem rapidamente após a infecção. A pessoa infectada experimenta um aparecimento súbito de febre alta, dores no corpo e o surgimento de manchas vermelhas, incluindo nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Essas manchas aumentam de tamanho e se tornam elevadas.
O tratamento eficaz da febre maculosa depende de um diagnóstico ágil. No estágio inicial, a doença pode ser controlada com o uso de antibióticos, portanto, é essencial obter um diagnóstico preciso o mais rápido possível. Devido à semelhança dos sintomas com outras doenças, um diagnóstico inicial impreciso pode levar a complicações graves. Após 4 ou 5 dias, a eficácia da medicação diminui significativamente.
O carrapato
A transmissão da febre maculosa ocorre através do carrapato infectado. O carrapato-estrela, que atua como vetor da doença, tem como principal hospedeiro a capivara, um animal que habita áreas de banhados e margens de rios.
Para que a doença seja transmitida aos seres humanos, o carrapato precisa estar infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, responsável pela doença. Além das capivaras, bovinos, cavalos e cães também podem ser portadores do carrapato-estrela infectado. É importante ressaltar que a febre maculosa não é transmitida de pessoa para pessoa.
O carrapato deve permanecer grudado na pele por pelo menos 4 horas. Quando uma pessoa entra em uma área propensa à presença de carrapatos, eles podem se fixar nas roupas e passar para o corpo. Para transmitir a doença, é necessário que o carrapato fique pelo menos 4 horas grudado na pele da pessoa. O desafio é que os carrapatos jovens e pequenos, conhecidos como micuins, também são transmissores e são difíceis de serem identificados a olho nu.