Mais de 250 mil mulheres sofrem com doenças psiquiátricas perinatais todos os anos na Inglaterra – Porque é tão difícil conseguir ajuda?

Texto por Jude Rogers. Arte por Nick Scott

Começou aos poucos, quase imperceptível, quando o Evan era pequenininho. As preocupações com a saúde dele, sua respiração, nosso vínculo. Em nacos de sono, eu voltava para a mesa da cesariana, perguntando para os médicos se o nosso bebê, quietinho no respirador, estava bem. A ausência de respostas, o silêncio, os três minutos que duraram eras, ainda vívidos como a vida.

Alguns meses depois que o Evan nasceu, o pânico se estendeu pelos meus dias. Eu sentia ansiedade, um peso, uma náusea. Um arrastado processo de encaminhamentos através do assistente de saúde recomendou um grupo de apoio. Começaria em quatro meses. Eu não tinha quatro meses. Liguei para um coordenador de saúde mental. Minha ligação não foi retornada. Fui ao clínico geral em lágrimas e ele indicou antidepressivos, ignorando minha sugestão de conversar com um profissional – eu só precisava de alguém para conversar –, pois a assistência “não estava lá”.

Quinze semanas depois do meu primeiro pedido de ajuda, encontrei outro grupo de apoio, por acaso, em uma creche a 1,5 km de casa. Seis meses depois, aqui estou eu, praticamente outra pessoa. Sou branca, de classe média, tagarela, mãe de primeira viagem com um filho saudável, alguém que mora em uma área de classificação 1 – no topo do ranking – do mapa de fornecimento de serviços de Saúde Mental Perinatal Comunitária Especializada do Reino Unido. Mesmo assim, sou uma pessoa que teve que usar todos os seus recursos, repetidas vezes, para conseguir ajuda para tratar minha depressão pós-parto, como se fosse uma doença desconhecida e relativamente simples. Mas não é.

Doenças psiquiátricas perinatais (perinatal significa o período entre a concepção e o primeiro aniversário do bebê) são extremamente comuns. Vão desde transtornos de… [Continue lendo aqui.]