Medicamentos muito usados para dormir podem aumentar risco de demência em 79%

A quantidade e o tipo de medicação utilizada são fatores importantes no desenvolvimento da doença

Por Thatyana Costa em parceria com João Gabriel Braga (Médico Generalista - CRMGO 28223)
12/09/2024 06:21

Risco de demência aumenta com uso de certos medicamentos, diz pesquisa
Risco de demência aumenta com uso de certos medicamentos, diz pesquisa - iSTock/ljubaphoto

O uso contínuo de medicamentos para dormir, como zolpidem, clonazepam e diazepam, pode aumentar o risco de demência em até 79%, segundo estudo da Universidade da Califórnia – São Francisco. A pesquisa, publicada no Journal of Alzheimer’s Disease, aponta que esse risco é particularmente mais elevado entre indivíduos brancos. A quantidade e o tipo de medicação utilizada também são fatores importantes no desenvolvimento da doença.

A pesquisa intitulada “Saúde, Envelhecimento e Composição Corporal” acompanhou três mil idosos ao longo de nove anos, todos sem demência no início do estudo. Cerca de 20% dos participantes desenvolveram a doença durante esse período, e os autores observaram que o risco era maior entre aqueles que utilizavam medicamentos para dormir com frequência, especialmente entre os brancos.

Medicamentos e seus riscos associados

Os especialistas destacam que remédios para dormir como zolpidem, clonazepam e diazepam podem ter efeitos sedativos que aumentam o risco de demência. Esses medicamentos, geralmente prescritos para tratar insônia, ansiedade ou espasmos musculares, atuam no sistema nervoso central e podem causar efeitos colaterais graves, como sonolência, tonturas e dificuldades motoras. O estudo também sugere que a terapia cognitivo-comportamental seja uma opção mais segura para tratar a insônia, evitando o uso prolongado de medicamentos.

Além disso, o zolpidem, um dos medicamentos mais utilizados para insônia, é recomendado para uso em curto prazo, justamente para evitar dependência e tolerância, fatores que podem agravar os riscos à saúde cognitiva.

Alternativas seguras e novas evidências

Embora a melatonina tenha sido citada como uma possível alternativa menos arriscada, os pesquisadores afirmam que mais estudos são necessários para entender seus efeitos a longo prazo. O autor principal do estudo, Yue Leng, ressalta que pacientes com distúrbios do sono devem considerar tratamentos não farmacológicos, como a terapia comportamental, antes de optar por medicamentos.

Estudos anteriores já haviam indicado uma associação entre o uso de medicamentos como o zolpidem e o risco de demência, principalmente em idosos com doenças subjacentes como hipertensão e diabetes.