“Menopausa, ovodoação, FIV”: Mariana Nunes anuncia gravidez solo aos 44 anos

Atriz anunciou em suas redes sociais que está gestando gêmeos após um longo processo de tentativas

11/04/2025 12:00

Mariana Nunes anuncia produção independente após longo processo para engravidar
Mariana Nunes anuncia produção independente após longo processo para engravidar - reprodução/Instagram/Marianasousanunes

“Vontade, pesquisa, insistência, cansaço, muito hormônio, frustração, tentativas, mais frustração, um positivo, uma solidão absurda, silêncio, medo, depressão… e lá se foi o primeiro trimestre”, assim escreveu em seu Instagram a atriz Mariana Nunes sobre sua gravidez de gêmeos aos 44 anos. 

A artista, que atuou na novela “Todas as Flores” e na série “Os Outros ” engravidou na menopausa — fase natural da vida em que os ovários deixam de produzir óvulos. A ovodoação e a fertilização in vitro (FIV) foram um caminho possível para a materialização da produção independente.

A atriz contou que essa experiência tem sido uma trajetória desconhecida, com muitas emoções:  “Ainda é tudo muito novo e misterioso e acho que, a partir de agora, vai ser assim pra sempre”.

“Tô desenhando a minha família do meu jeito, no tempo do meu possível, com o meu próprio amor adubado por mim”, compartilhou. 

Como é possível engravidar na menopausa?

Durante a menopausa, a mulher já não ovula naturalmente, o que inviabiliza uma gravidez espontânea. No entanto, o útero ainda pode receber e desenvolver uma gestação com os estímulos hormonais adequados. É aí que entra a ovodoação: um procedimento em que uma doadora jovem e saudável fornece os óvulos, que serão fecundados em laboratório com o sêmen de um parceiro ou de um doador anônimo.

Após a fertilização, os embriões são transferidos para o útero da receptora, que já estará preparado com hormônios como estrogênio e progesterona, essenciais para garantir a fixação do embrião e o desenvolvimento da gestação. Esse processo é chamado de fertilização in vitro (FIV) com ovodoação.

Segundo o Dr. Vamberto Maia Filho, ginecologista especializado em reprodução humana, além de ser um gesto de generosidade da doadora, o compartilhamento de óvulos é uma alternativa eficiente para pacientes que passaram por menopausa precoce, tratamentos oncológicos, doenças genéticas ou falência ovariana. “Essa é uma das técnicas mais bem-sucedidas da medicina reprodutiva, com taxas de gravidez que podem chegar a 60% por tentativa, dependendo das condições da receptora”, destaca o especialista.

Quem pode doar óvulos e quem pode receber?

De acordo com as diretrizes do Conselho Federal de Medicina (CFM), podem doar óvulos mulheres com até 37 anos, saudáveis e sem histórico de doenças genéticas ou infecciosas. A doadora pode ser anônima ou participar de um programa de doação compartilhada, no qual mulheres que também estão passando por tratamentos de FIV doam parte de seus óvulos para outras pacientes, reduzindo assim os custos do próprio tratamento.

A fertilização in vitro (FIV) consiste em fertilizar óvulos e espermatozoides em laboratório
A fertilização in vitro (FIV) consiste em fertilizar óvulos e espermatozoides em laboratório - Peter Hansen/istock

As receptoras, por sua vez, são mulheres que não podem utilizar seus próprios óvulos para engravidar. Esse grupo inclui pacientes que passaram pela menopausa, mulheres que sofreram falência ovariana precoce, pessoas que passaram por cirurgias ou tratamentos agressivos (como a quimioterapia) e aquelas com doenças genéticas que impedem a formação de embriões saudáveis.

Existe um limite de idade?

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que mulheres com até 50 anos façam procedimentos de reprodução assistida, mas autoriza casos acima dessa idade mediante avaliação clínica rigorosa. Cada caso é analisado individualmente, levando em conta a saúde da paciente e os riscos da gestação tardia.

Aspectos emocionais e legais

O processo de compartilhamento de óvulos envolve também questões emocionais e éticas. Muitas mulheres que recebem óvulos podem ter preocupações sobre a conexão genética com o filho. No entanto, especialistas destacam que a gestação e o vínculo materno transcendem a questão biológica. “A relação entre mãe e filho é formada muito além do DNA. A mulher que gesta tem um papel fundamental no desenvolvimento do bebê e na expressão de seus genes”, reforça o Dr. Vamberto. 

No Brasil não existe uma lei referente ao compartilhamento de óvulos, mas há uma regulamentação de procedimento pelo CFM e deve seguir critérios específicos, como o sigilo entre doadora e receptora e a proibição de qualquer tipo de comercialização dos óvulos. A escolha da doadora é feita com base em características físicas semelhantes às da receptora, garantindo uma maior compatibilidade fenotípica.