Método simples antes das refeições pode favorecer a perda de peso, aponta estudo recente

Quem já adota essa prática pode parecer diferente, mas ela ajuda a controlar a quantidade de comida ingerida

Por Clara Figueiredo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
23/06/2025 21:00

Pesquisadores alemães descobriram que sentir o aroma da refeição antes de se alimentar pode desencadear uma sensação de saciedade
Pesquisadores alemães descobriram que sentir o aroma da refeição antes de se alimentar pode desencadear uma sensação de saciedade - Istock/ Prostock-Studio

Você já percebeu que algumas pessoas têm o hábito de cheirar a comida antes de começar a comer? Embora possa parecer uma atitude estranha ou até mesmo desnecessária para muitos, essa simples ação pode exercer um papel importante no controle do apetite. Pesquisadores alemães investigaram essa prática e descobriram que sentir o aroma da refeição antes de se alimentar pode desencadear uma sensação de saciedade, o que ajuda a evitar o consumo exagerado de alimentos.

Esse mecanismo, ainda pouco conhecido, abre uma nova perspectiva sobre a relação entre o olfato e o comportamento alimentar. Entender como o cheiro influencia nosso cérebro pode ser fundamental para desenvolver estratégias mais eficazes no combate à obesidade e a distúrbios relacionados à alimentação. A pesquisa, realizada em camundongos, revelou conexões surpreendentes entre os neurônios ligados ao olfato e a regulação da fome, trazendo pistas sobre o potencial dessa abordagem para humanos.

Como o olfato influencia a sensação de saciedade

Os pesquisadores observaram o cérebro de camundongos enquanto eles respondiam a diferentes odores alimentares e identificaram um grupo específico de neurônios ligados ao sistema olfativo. A ativação dessas células pelo aroma da comida fez com que os ratos reduzissem o consumo alimentar. Curiosamente, essa reação só aconteceu diante de cheiros relacionados à comida, não a outros aromas.

Embora ainda não haja confirmação de que o mesmo efeito ocorra em humanos, sabe-se que o cérebro humano possui um conjunto semelhante de neurônios, o que sugere que esse mecanismo pode ser semelhante.

Além disso, os cientistas descobriram que ratos obesos não apresentaram essa resposta, possivelmente porque o excesso de peso prejudica a sensibilidade do olfato — algo já constatado em pessoas com obesidade.

A neurocientista Sophie Steculorum, que participou do estudo, ressalta: “Esses resultados destacam o papel fundamental do olfato na regulação do apetite e indicam uma possível nova abordagem para combater a compulsão alimentar associada à obesidade.”

Entender como o cheiro influencia nosso cérebro pode ser fundamental para desenvolver estratégias mais eficazes no combate à obesidade e a distúrbios relacionados à alimentação
Entender como o cheiro influencia nosso cérebro pode ser fundamental para desenvolver estratégias mais eficazes no combate à obesidade e a distúrbios relacionados à alimentação - iStock/ rocketclips

Ligação entre instintos naturais e controle alimentar

Os especialistas acreditam que essa resposta está ligada a um mecanismo instintivo de sobrevivência. Para camundongos na natureza, comer rapidamente e por períodos mais curtos diminui o risco de ataques de predadores, explica Janice Bulk, neurologista e coautora do estudo.

Além disso, pesquisas anteriores indicam que cheirar determinados aromas, como maçã, hortelã-pimenta e pera, pode ajudar as pessoas a sentirem menos fome, facilitando o controle da alimentação ao longo do dia.