Por que o mosquito da dengue está mais resistente ao inseticida?
O estudo, divulgado em agosto de 2024, mostra o impacto global desse fenômeno
Segundo artigo publicado pela revista científica Parasites & Vectors, embora o inseticida seja hoje um dos métodos mais eficazes de prevenção ao mosquito da dengue, a resistência às substâncias presentes nos produtos tem colocado em xeque o controle populacional do Aedes aegypti.
O estudo, divulgado em agosto de 2024, mostra o impacto global desse fenômeno, evidenciando uma mutação inédita do Aedes aegypti identificada na Argentina.
Por que o mosquito da dengue está mais resistente ao inseticida?
O Aedes aegypti é também um transmissor de doenças sérias, como zika, chikungunya e febre amarela.
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Os piretróides, grupo de inseticidas que inclui a permetrina, têm sido amplamente utilizados para combater o mosquito da dengue. Contudo, desde 2013, notou-se uma redução na efetividade desses compostos contra o Aedes aegypti, segundo o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina. Esse fenômeno impulsionou uma investigação aprofundada.
Como foi feito estudo?
Cientistas do Conicet, em parceria com a Universidade de Salta e a Fundação Mundo Sano, coletaram ovos de Aedes aegypti nas cidades argentinas de Orán, Tartagal, Clorinda e Puerto Iguazú, criando-os em laboratório até a fase adulta. Sob cuidadosas condições de biossegurança, esses insetos foram submetidos a doses de piretróides – doses que, teoricamente, seriam letais.
O resultado? Todas as populações testadas apresentaram uma resistência notável ao composto. “Aplicamos até dez vezes a dose comum, e os mosquitos ainda resistiram”, afirma Laura Harburguer, PhD em Biologia e pesquisadora do Conicet, que liderou o estudo.
A análise revelou uma mutação genética inédita, chamada V410L, no Aedes aegypti, ligada à sua capacidade de resistir aos piretróides. Além dessa, foram identificadas outras duas mutações já conhecidas (F1534C e V1016I), que, quando combinadas, contribuem para essa elevada resistência, explica Paula Gonzalez, autora principal do estudo e pesquisadora do Conicet, em uma publicação da organização argentina.
Essa resistência, segundo o estudo, é um subproduto do uso intensivo e contínuo dos piretróides, levantando preocupações sobre o futuro do combate ao Aedes aegypti e os desafios globais que a evolução desse vetor traz para o controle de doenças tropicais.