Mosquito da dengue pica por cima da roupa? Veja a opinião de especialistas

Em meio à explosão de casos e chegada do verão, veja o que dizem os especialistas

03/11/2024 17:00

Em meio à epidemia de dengue, destaca-se a importância do uso de repelentes. Mas, afinal, o mosquito pica por cima da roupa? – Depositphotos/galitskaya
Em meio à epidemia de dengue, destaca-se a importância do uso de repelentes. Mas, afinal, o mosquito pica por cima da roupa? – Depositphotos/galitskaya - Depositphotos/galitskaya

O Brasil enfrenta um combate anual contra o Aedes aegypti, com milhares de casos de dengue registrados a cada ano. Em 2024, o número de casos ultrapassou os dois milhões, um dado alarmante que acende um alerta nacional. Com a chegada do verão e, consequentemente, das chuvas, as autoridades chama a atenção para a importância de métodos preventivos.  

Recentemente, uma pesquisa inovadora da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, trouxe à tona uma descoberta surpreendente sobre o comportamento do Aedes aegypti, conhecido transmissor de doenças como dengue e febre amarela urbana.

Mosquito da dengue pica por cima da roupa?

Em entrevista, Joziana Barçante, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica da UFLA, revelou que, graças ao formato alongado do aparelho bucal das fêmeas, o mosquito é capaz de picar através de tecidos, um fato que desafia a noção de proteção oferecida pelas roupas. A pesquisadora detalhou que imagens capturadas durante o processo mostram a fêmea penetrando o tecido para alcançar o sangue, o que revela que apenas roupas não garantem proteção total contra picadas.

Essas descobertas destacam a importância de uma revisão nas estratégias de prevenção: agora, o uso de repelente é recomendado tanto sobre a pele quanto sobre as roupas, antes e depois de se vestir, para otimizar a proteção. Essa nova abordagem está fazendo com que autoridades de saúde reavaliem suas orientações e reforcem campanhas de conscientização.

A pesquisa não para por aí: em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a UFLA planeja expandir o estudo para verificar se fatores como espessura e cor do tecido afetam a capacidade do mosquito de picar através das roupas. Esse conhecimento poderá revolucionar o desenvolvimento de tecidos mais seguros e métodos de proteção individual.

Identificar o Aedes aegypti é crucial: ele é um pequeno mosquito escuro com listras brancas no corpo e nas pernas, asas translúcidas e quase silencioso. Ele costuma voar baixo e preferir picar regiões do corpo próximas ao chão, como pés e tornozelos, principalmente durante o dia, nas primeiras horas da manhã e ao entardecer, mas também pode ser ativo em locais iluminados à noite.

Diante dessa nova ameaça, medidas simples como o uso contínuo de repelentes, telas protetoras em portas e janelas e roupas adequadas se mostram mais essenciais do que nunca. E se houver suspeita de sintomas de dengue, como febre alta e dores intensas, procurar orientação médica é fundamental para garantir uma recuperação segura.