Mudanças ao falar e demência: o sinal sutil para se atentar

Sinais na fala que podem indicar alterações na saúde do cérebro; entenda a importância do diagnóstico precoce

Por Caroline Vale em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
21/11/2024 05:45 / Atualizado em 27/11/2024 15:10

A demência, condição marcada por alterações cognitivas como perda de memória e dificuldades de atenção, também pode revelar seus primeiros sinais por meio de mudanças sutis na fala.

Mudanças na fala e demência
Mudanças na fala e demência - iStock/Sean Anthony Eddy

Entre esses sinais, a velocidade ao falar pode ser um alerta importante, segundo pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá. 

O que a velocidade da fala revela sobre o cérebro?

Cientistas canadenses analisaram a fala de 125 adultos saudáveis, de 18 a 90 anos, em diferentes testes de linguagem e função cognitiva.

Entre os resultados, publicados na revista Aging Neuropsychology and Cognition, eles identificaram que um ritmo mais lento ao falar está relacionado a funções cerebrais mais comprometidas. Ou seja, a fala lenta pode ser um sinal precoce de declínio cognitivo relacionado à demência.

Embora dificuldades para encontrar palavras sejam comuns com o envelhecimento, essas alterações não necessariamente indicam demência. No entanto, a desaceleração na fala pode refletir alterações mais profundas na saúde cerebral.

Diagnóstico precoce

O declínio cognitivo causado por doenças como a demência tende a ser progressivo, o que faz do diagnóstico precoce uma etapa crucial para retardar seu avanço.

O estudo sugere que a avaliação da velocidade da fala deve ser incluída nas avaliações cognitivas rotineiras. “A velocidade da fala deve ser testada como parte de avaliações cognitivas padrão para ajudar os médicos a detectar o declínio cognitivo mais rapidamente e ajudar os idosos a apoiar a saúde do cérebro à medida que envelhecem”, pontuou o neurocientista Jed Meltzer, coautor do estudo.

Embora os sintomas de demência sejam mais comuns em idosos acima de 70 anos, também podem surgir em adultos mais jovens, com casos de Alzheimer precoce já relatados a partir dos 40 anos.

Isso reforça a importância de prestar atenção a qualquer mudança persistente na fala ou no comportamento, independentemente da idade.

Quando procurar ajuda?

Caso você ou alguém próximo apresente alterações na fala, como desaceleração no ritmo, dificuldade em manter o foco durante conversas ou outros sinais cognitivos, é essencial consultar um especialista.

O diagnóstico precoce não apenas ajuda a adotar medidas para preservar a saúde cerebral, mas também oferece suporte para lidar com os desafios da doença.