Nova pesquisa aponta possível causa do autismo em ácidos graxos

Estudo revela que um composto no sangue do cordão umbilical pode estar relacionado à gravidade do autismo, especialmente em meninas

Por Thatyana Costa em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
12/04/2025 09:03 / Atualizado em 25/04/2025 08:42

O estudo sugere que os níveis de diHETrE no sangue do cordão umbilical podem prever o risco de autismo, com implicações para intervenções futuras.
O estudo sugere que os níveis de diHETrE no sangue do cordão umbilical podem prever o risco de autismo, com implicações para intervenções futuras. - iStock/ruizluquepaz

Pesquisadores da Universidade de Fukui encontraram uma relação entre níveis de ácidos graxos no sangue do cordão umbilical e o risco de autismo. A descoberta pode ter implicações importantes para o diagnóstico e prevenção da condição.

A descoberta do composto diHETrE

Cientistas realizaram um estudo que revela uma ligação entre ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e o risco de desenvolvimento do autismo. A pesquisa foi realizada com 200 crianças, a partir de amostras de sangue do cordão umbilical coletadas ao nascimento. Um composto específico, chamado diHETrE, foi identificado como um possível fator relacionado à gravidade do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Os resultados indicaram que níveis elevados de diHETrE estavam associados a dificuldades nas interações sociais, enquanto níveis baixos desse composto estavam relacionados a comportamentos repetitivos e restritivos. Esse efeito foi mais pronunciado em meninas do que em meninos, sugerindo que o diHETrE pode influenciar o TEA de maneira diferente entre os sexos.

Implicações para o diagnóstico e prevenção

Com base nas descobertas, os pesquisadores sugerem que medir os níveis de diHETrE logo após o nascimento pode ser uma ferramenta importante para prever o risco de uma criança desenvolver autismo. Além disso, a pesquisa abre portas para futuras estratégias de prevenção, como a inibição do metabolismo do diHETrE durante a gestação. No entanto, os cientistas ressaltam que mais estudos são necessários para confirmar essas hipóteses.

A pesquisa foi publicada no Psychiatry and Clinical Neurosciences e pode representar um avanço significativo no entendimento das causas do autismo e no desenvolvimento de métodos de intervenção precoce.

O que é o autismo?

O autismo, ou transtorno do espectro autista (TEA), é um distúrbio do desenvolvimento cerebral que afeta a comunicação e o comportamento. Estima-se que 1 em cada 100 crianças seja diagnosticada com a condição, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As manifestações do autismo variam consideravelmente de pessoa para pessoa, com algumas apresentando déficits significativos e outras vivendo de forma mais independente.

 

Sinais de autismo em adultos que muitos ignoram

Muitos adultos com autismo são diagnosticados tardiamente devido a sinais sutis ou negligenciados, como dificuldades em interações sociais, sensibilidade sensorial e padrões rígidos de comportamento. A falta de conscientização sobre o espectro no contexto adulto pode resultar em diagnósticos errados ou retardados, prejudicando o suporte necessário. Clique aqui para saber mais.