Novos medicamentos ampliam expectativa de vida de quem tem HIV
A expectativa de vida de jovens que fizeram tratamento contra HIV aumentou cerca de 10 anos nos Estados Unidos e Europa desde a introdução de medicamentos mais recentes na terapia antirretroviral, aponta estudo realizado pela universidade de Bristol, no Reino Unido.
Os autores do estudo acreditam que a descoberta pode ajudar a reduzir a estigmatização, além de encorajar pessoas que tiveram ou tem comportamento de risco a fazer exames e os diagnosticados a iniciarem o tratamento o mais rápido possível e realizá-lo corretamente.
Qualquer pessoa com vida sexual ativa que não use camisinha está se arriscando a contrair o vírus HIV, como explica a médica infectologista do Hospital Emílio Ribas, Rosana Richtmann, em vídeo divulgado aqui no Catraca Livre.
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“A cada quatro pessoas contaminadas, uma não sabe que está contaminada. E você também não vai saber. Então o mais importante é que, sempre, nós temos que usar o preservativo”, explica ela.
Dados do estudo
Segundo as projeções da investigação, a expectativa de vida de uma pessoa de 20 anos que iniciou o tratamento a partir de 2008 e teve uma carga viral baixa após um ano de tratamento pode aproximar-se da população em geral (cerca de 78 anos).
“A terapia antirretroviral tem sido usada para tratar o HIV por 20 anos, mas os medicamentos mais novos têm menos efeitos colaterais, envolvem tomar menos pílulas, previnem melhor a replicação do vírus e dificultam que ele se torne resistente”, disse o autor principal da pesquisa Adam Trickey, da Escola de Medicina Social e Comunitária da Universidade de Bristol.
No entanto, a expectativa de vida para as pessoas com HIV permanece, em sua maioria, menor do que a da população em geral, aponta a publicação.
A terapia antirretroviral, que se tornou amplamente utilizada em 1996, é uma combinação de três ou mais remédios que inibem a replicação do vírus para prevenir e reparar possíveis danos ao sistema imunológico causados pela infecção pelo HIV.
Os pesquisadores analisaram dados de 88.504 pessoas com HIV que iniciaram tratamento antirretroviral entre 1996 e 2010, a partir de 18 estudos europeus e norte-americanos.
Para determinar a expectativa de vida, consideraram quantas pessoas morreram durante os três primeiros anos de tratamento, a causa dessas mortes, a carga viral do HIV nessas pessoas, contagem de células imunes (células CD4) e se eles foram infectados através de drogas injetáveis.
Entre pessoas que iniciaram a terapia entre 2008-2010, houve menos mortes nos primeiros três anos de tratamento do que aqueles que iniciaram o entre 1996-2007.
“Nossa pesquisa ilustra uma história de sucesso de como a melhoria dos tratamentos contra o HIV, juntamente com rastreio, prevenção e tratamento de problemas de saúde associados à infecção pelo HIV pode prolongar a vida útil das pessoas diagnosticadas com HIV”, diz Trickey.
Ao analisar especificamente as mortes devidas à AIDS, o número de mortes durante o tratamento diminuiu ao longo do tempo entre 1996 e 2010, provavelmente como resultado de novas drogas serem mais eficazes na restauração do sistema imunológico.
No entanto, as melhorias não foram observadas em todas as pessoas com HIV, já que a expectativa de vida de pessoas que foram contaminadas por meio do uso de drogas injetáveis não aumentou tanto quanto em outros grupos.
Os pesquisadores apontam que o estudo tem limitações, pois os resultados também podem ter sido afetados pela mudança de comportamento ao longo do tempo, por exemplo, o fato de menos pessoas que iniciaram o tratamento nos últimos anos apontam ter sido infectadas por uso de drogas injetáveis.
Os resultados do estudo aplicam-se apenas às pessoas que tomam terapia antirretroviral, enquanto a maioria das mortes por HIV ocorrem em pessoas que não são tratadas.
“Embora a maioria das pessoas tenham propensão a começar o tratamento logo após o diagnóstico de HIV, isso só irá resultar em uma melhor sobrevivência global se os problemas de diagnóstico tardio e acesso ao tratamento forem abordados”, frisa Adam Trickey.