Número de idas ao banheiro pode indicar Alzheimer

Para os especialistas, as descobertas dizem muito sobre as conexões entre o intestino e o cérebro

19/02/2024 06:38

Para os especialistas, as descobertas dizem muito sobre as conexões entre o intestino e o cérebro – iStock/Getty Images
Para os especialistas, as descobertas dizem muito sobre as conexões entre o intestino e o cérebro – iStock/Getty Images - iStock/vchal

Estudo recente mostra que um dos indicadores da doença de Alzheimer pode não estar na mente, mas sim no intestino. É o que revelou um estudo realizado durante seis anos e apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, ao associar possíveis conexões entre a digestão e a demência.

De acordo com os resultados desse estudo, constipação – especificamente, movimentos intestinais a cada três dias – pode ser um indicador de risco para a demência. Para os especialistas, há uma relação direta entre a constipação crônica e um declínio na função cognitiva que era equivalente a três anos de envelhecimento.

Isso porque, com base na pesquisa, 73% dos casos que mostraram um déficit cognitivo estavam ligados a quadro de constipação. O que levou os especialistas a relacionar que problemas intestinais regulares podem ser um dos marcadores ocultos de doenças degenerativas.

Os resultados, no entanto, não se limitavam apenas à constipação, pois os cientistas também descobriram um risco ligeiramente maior de demência em pessoas que evacuavam mais de duas vezes por dia.

Os microrganismos do intestino e Alzheimer

A pesquisa associou a presença reduzida de bactérias produtoras do ácido graxo butirato e de fibras alimentares à constipação e, consequentemente, ao declínio cognitivo.

“Quando um sistema está com defeito, ele afeta outros sistemas. Quando essa disfunção não é tratada, pode criar uma cascata de consequências para o resto do corpo”, disse Heather M. Snyder, vice-presidente de relações médicas e científicas da Alzheimer’s Association.

E a conexão entre Alzheimer e bactérias não para aí. Outra pesquisa apresentada na mesma conferência, liderada por Yannick Wadop, pós-doutorando no Instituto Glenn Biggs para Alzheimer e Doenças Neurodegenerativas da UT Health San Antonio, aponta a ligação entre o acúmulo de beta-amilóide, principal constituinte das placas de amiloide observadas no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer, e os níveis de certas bactérias na microbiota.

Número de idas ao banheiro x Alhzeimer: O que foi possível concluir? 

Para os especialistas, as descobertas dizem muito sobre as conexões entre o intestino e o cérebro. “Essas descobertas começam a revelar conexões mais específicas entre nosso intestino e nosso cérebro. Acreditamos que a redução de certas bactérias identificadas pode aumentar a permeabilidade intestinal e o transporte de metabólitos tóxicos no cérebro, aumentando assim a deposição de beta-amilóide e tau”, afirmou Yannick Wadop.

Este é definitivamente um desenvolvimento interessante, que com certeza guiará pesquisas futuras sobre os fatores e indicadores da doença de Alzheimer.