O câncer que atinge 15 em cada 100 pessoas no Brasil e como prevenir

Os maiores índices da doença são encontrados em países com baixa situação socioeconômica

Por Caroline Vale em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
15/03/2025 10:02

O câncer de colo do útero está entre os quatro mais incidentes entre pessoas com o órgão, acometendo cerca de 15 a cada 100 no Brasil.

Apesar do número alarmante, ele é um dos cânceres mais preveníveis, pois se desenvolve majoritariamente a partir do papilomavírus humano (HPV), transmitido, principalmente, por meio das relações sexuais.

Sintomas do câncer de colo do útero

O câncer do colo do útero tem um crescimento gradual e, no início, pode não causar sintomas.

Em estágios mais avançados, pode levar a sangramentos vaginais irregulares ou após a relação sexual, secreção anormal, desconforto durante o ato sexual, dores abdominais e alterações urinárias ou intestinais.

Os sintomas do câncer de colo de útero
Os sintomas do câncer de colo de útero - iSTock/Mohammed Haneefa Nizamudeen

Como prevenir a doença?

Para que as futuras gerações atuem preventivamente e vivam livres dessa neoplasia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a liderar iniciativas que eliminem a doença globalmente até 2030.

Sabe-se que, a cada 10 pessoas sexualmente ativas, oito delas já tiveram contato com o HPV, entretanto, apenas duas ou três vão persistir com o vírus e podem evoluir com alguma alteração.

“Atualmente, há dois tipos de vacinas disponíveis no país: a HPV4 e a HPV9, que previnem quatro e nove subtipos de vírus, respectivamente. A HPV9 passa a ser recomendada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) como preferencial por aumentar a proteção contra as doenças associadas ao vírus. Ela é efetiva na redução de casos de cânceres de colo do útero, vulva, vagina, ânus, pênis, orofaringe e de verrugas genitais em ambos os gêneros, de 9 a 45 anos”, afirma a Dra. Michelle Samora, oncologista do Hcor.

Entretanto, a maioria dos casos de câncer de colo do útero é encontrada em populações com baixa situação socioeconômica, de acordo com a OMS. Por consequência, as pessoas têm falta de acesso às vacinas anti-HPV e serviços de saúde e tratamentos específicos.

“Enquanto a recomendação da OMS é que 90% da população de até 15 anos seja imunizada, aqui no Brasil registramos 75,81% nas meninas e 52,16% nos meninos. É necessário que existam mais ações de conscientização sobre a vacina, pois ela não instiga que as pessoas comecem a vida sexual mais cedo, mas ajuda a proteger quando decidirem iniciá-la.”

Detecção precoce

A Dra. Michelle reforça ainda que o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Algumas lesões precursoras do câncer de colo do útero ou mesmo tumores iniciais, que não apresentam sintomas, são detectadas nos exames de rotina.

“Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, mais eficaz é o tratamento e menores serão as sequelas”, finaliza a especialista.