O impacto do café no cérebro: estimulante ou risco cognitivo?

A pergunta que paira no ar é inquietante: beber café em excesso pode acelerar o declínio cognitivo?

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
12/02/2025 13:00

A pergunta que paira no ar é inquietante: beber café em excesso pode acelerar o declínio cognitivo? – manopjk/iStock
A pergunta que paira no ar é inquietante: beber café em excesso pode acelerar o declínio cognitivo? – manopjk/iStock - Getty Images/iStockphoto

Por gerações, o café foi celebrado como o combustível da produtividade, o salvador das manhãs preguiçosas e até um escudo contra doenças neurodegenerativas. Mas será que essa fama impecável esconde uma faceta menos gloriosa?

Um estudo recente, apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC) 2024, lançou uma nova luz sobre o impacto do café no cérebro. A pergunta que paira no ar é inquietante: beber café em excesso pode acelerar o declínio cognitivo?

Para investigar essa possibilidade, os pesquisadores acompanharam 8.451 pessoas com idade média de 67,8 anos. O grupo, majoritariamente feminino (60%) e de etnia branca (97%), foi dividido em três categorias: consumidores assíduos (quatro ou mais xícaras por dia), moderados (uma a três xícaras) e aqueles que não ingeriam café.

O resultado? Aqueles que bebiam mais de três xícaras diárias apresentaram um declínio cognitivo mais acelerado do que os que evitavam a bebida.

O chá: um aliado subestimado?

Enquanto o café levanta suspeitas, o chá surge como um possível herói da saúde mental. Os participantes que consumiam pelo menos uma xícara diária demonstraram uma desaceleração no declínio cognitivo. Esse achado sugere que, ao contrário do café, o chá pode ser um verdadeiro protetor da mente ao longo dos anos.

O que diz a ciência?

Os pesquisadores analisaram a cognição dos voluntários por meio de testes de memória, raciocínio lógico e tempo de resposta. Embora os dados apontem para uma correlação preocupante entre alto consumo de café e declínio cognitivo, o estudo é observacional – ou seja, ainda não há provas definitivas de que o café seja o culpado direto.

Além disso, a genética desempenha um papel crucial. Cerca de 26% dos participantes carregavam o gene APOE e4, conhecido por aumentar o risco de Alzheimer, o que pode ter influenciado os resultados.

Para os apaixonados por café, uma reflexão

Se você não abre mão do seu café diário, não precisa entrar em pânico. A chave está na moderação. Estudos anteriores ainda sugerem benefícios do consumo equilibrado da bebida. No entanto, exagerar pode não ser tão inofensivo quanto parece, especialmente com o avanço da idade.

Talvez seja hora de considerar um equilíbrio entre café e chá, permitindo que seu cérebro desfrute do melhor dos dois mundos. Afinal, pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença na saúde cognitiva a longo prazo.

Outras dicas de Saúde na Catraca Livre 

A busca por melhorar a memória e as funções cognitivas sem recorrer a medicamentos tem levado muitos a explorar alternativas naturais. Pesquisas recentes indicam que incorporar exercícios moderados à rotina diária pode ser uma das formas mais eficazes de potencializar a agilidade mental. Por isso, confira algumas técnicas para melhorar a memória com exercícios simples e naturais.