O que está por trás das crises de enxaqueca?
A enxaqueca é mais do que uma dor de cabeça: entenda suas causas, sintomas e como o tratamento pode melhorar a qualidade de vida
Quem sofre de enxaqueca sabe que ela é muito mais do que uma simples dor de cabeça. Trata-se de uma condição neurológica crônica, com origem genética, que se manifesta por uma dor latejante em um ou ambos os lados da cabeça.
Esse incômodo pode durar de algumas horas a dias inteiros e frequentemente acompanha outros sintomas debilitantes, como náuseas, vômitos e uma intensa sensibilidade à luz, ao som e até a cheiros.
As possíveis causas da enxaqueca
Embora os especialistas ainda não compreendam totalmente a causa exata da enxaqueca, eles indicam que a predisposição genética desempenha um papel importante.
- 7 indícios de que você sofre de intolerância à lactose
- Doença cardíaca pode se manifestar pela manhã; saiba como
- Depressão nos homens: entenda por que os sintomas podem ser diferentes dos das mulheres
- Seu filho pode ter TOD? Conheça os primeiros sinais que podem surgir na escola
Além disso, diversos fatores desencadeantes podem contribuir para o aparecimento das crises. Entre eles, destacam-se o estresse, a privação de sono, alterações hormonais, e o consumo de certos alimentos, como queijo e chocolate.
Estímulos do ambiente, como cheiros fortes ou mudanças climáticas, também podem ser responsáveis pelo início de uma crise.
Nas mulheres, a tensão pré-menstrual (TPM) é um fator de risco significativo, agravando as crises de cefaleia. As enxaquecas são mais frequentes durante o período menstrual ou logo antes dele.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, condições como irregularidades menstruais, endometriose, síndrome dos ovários policísticos e até a reposição hormonal podem intensificar os sintomas.
Alterações na atividade de neurotransmissores, como a serotonina, também são consideradas relevantes para o desenvolvimento da enxaqueca.
A prevalência global da enxaqueca
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os distúrbios de cefaleia afetam cerca de 40% da população global, o que equivale a aproximadamente 3,1 bilhões de pessoas em 2021.
A OMS afirma que as influências hormonais agravam as crises, fazendo com que as mulheres sejam mais frequentemente afetadas do que os homens.
Sintomas típicos da enxaqueca
Os sintomas da enxaqueca variam de acordo com o tipo. Alterações na percepção visual, como pontos luminosos, flashes de luz ou linhas cintilantes, precedem a enxaqueca com aura.
Essas manifestações são um prenúncio da dor que está por vir e afetam cerca de 25% das pessoas que sofrem de enxaqueca.
Já a enxaqueca sem aura, que acomete cerca de 75% dos pacientes, caracteriza-se por uma dor de cabeça intensa, frequentemente unilateral, que pode durar horas ou dias.
Além da dor, a pessoa pode apresentar náuseas, vômitos, sensibilidade a estímulos externos e agravamento da dor com atividades físicas.
No caso de enxaqueca com aura, sintomas neurológicos, como distúrbios visuais, parestesia (formigamento) ou dormência, perda parcial do campo de visão e dificuldades na fala, podem ocorrer antes do início da dor.
Esses sintomas geralmente surgem gradualmente, duram cerca de 30 minutos e desaparecem antes que a dor se instale.
Como é feito o diagnóstico da enxaqueca?
O diagnóstico de enxaqueca é predominantemente clínico, baseado na descrição dos sintomas pelo paciente. Por isso, o histórico médico é crucial.
De acordo com a International Headache Society, para o diagnóstico de enxaqueca, é necessário que a dor apresente pelo menos dois dos seguintes critérios: localização unilateral, sensação pulsante, agravamento com atividade física e impacto significativo nas atividades diárias.
Além disso, é preciso que haja ao menos um sintoma associado e que o paciente tenha tido pelo menos cinco episódios com essas características.
No caso de enxaqueca com aura, é necessário também que os sintomas da aura apresentem características como surgimento gradual, duração de menos de uma hora e uma janela de menos de 60 minutos entre a aura e o início da dor.
Tratamento e abordagem multidisciplinar
Quando as dores de cabeça se tornam frequentes e apresentam as características de enxaqueca, é fundamental buscar ajuda médica.
O neurologista é o especialista mais indicado para avaliar, diagnosticar e tratar condições relacionadas ao sistema nervoso central. O diagnóstico preciso pode exigir a realização de exames complementares para descartar outras causas de dor de cabeça.
O tratamento da enxaqueca geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar. Tanto para aliviar a dor durante as crises quanto para prevenir o surgimento delas, as pessoas podem utilizar medicamentos.
Além disso, mudanças no estilo de vida, como a identificação e a evitação dos gatilhos pessoais, são essenciais para o controle da condição.
A combinação de terapias, aliada ao acompanhamento médico, pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com essa condição debilitante.