O que nunca te ensinaram para ter um corpo de praia

Forma física e peso corporal não definem quem somos, se estamos felizes, se somos bem-sucedidos, e, muito menos, se devemos ou não ir à praia

Faltam menos de três meses para o verão chegar. Esse é o período em que se propagam receitas milagrosas para conquistar o corpo de praia. Os chamados “projetos verão” explodem na internet, nas revistas, na televisão e nas redes sociais. Mesmo sem você procurar ou querer, eles te acharão e invadirão seu cotidiano.

As promessas de aproveitar a estação mais quente do ano com um corpo dito “perfeito” vêm acompanhadas de muitos produtos e dietas, reforçando a ideia de que só merecem desfrutar da praia aquelas que se prepararam para tal. O lema básico dos diferentes “projetos verão” é o mesmo: exaltação da força de vontade como pré-condição para perder peso – o famoso “querer é poder”, ou o batido triplo F (Força, Fé e Foco).

Relação adoecida com o próprio corpo impede o prazer de curtir o verão
Relação adoecida com o próprio corpo impede o prazer de curtir o verão - PeskyMonkey/istcok

O grande problema dessas estratégias ditas milagrosas para atingir o corpo “perfeito” é que ninguém nos lembra sobre o que aconteceu nos verões passados. A maioria esmagadora das pessoas não consegue cumprir as metas planejadas e, por causa disso, passam o mês de janeiro inteiro enroladas na canga, com vergonha de mostrar o corpo, e sem se permitir dar um mergulho refrescante no mar.

Há dois equívocos graves que estão por trás de todos esses projetos. Primeiro: nosso corpo não é maleável como massinha de modelar. Força de vontade e foco não te darão o corpo perfeito para curtir o verão; ao contrário, muito provavelmente te farão desenvolver uma relação adoecida com o seu próprio corpo. Vale lembrar que a insatisfação corporal atinge 96% das mulheres e que o grande contribuinte para tal é o hábito de fazer dietas.

Forma física não deve determinar se devemos ou não ir à praia
Forma física não deve determinar se devemos ou não ir à praia - Rawpixel/istock

Segundo: forma física e peso corporal não têm nada a ver com verão. Eles não definem quem somos, se estamos felizes, se somos bem-sucedidos, e, muito menos, se devemos ou não ir à praia. Atrelar erroneamente silhueta à felicidade, ao sucesso e, muito pior, ao direito de frequentar determinado espaço público é o que permite novos “projetos verão” persistirem por mais um ano, causando tanto mal a todas nós.

Fazer as pazes com o corpo e deixar essas ideias para trás não significa amar o corpo de maneira incondicional; significa, sim, respeitá-lo e entendê-lo. Seu contorno e suas marcas são produtos da sua história, o que os tornam únicos. É preciso valorizar a pluralidade de formas físicas e entender que todos têm o direito de brincar o verão.

Em poucas palavras: sabe o que você precisa para ter um corpo de praia? Duas coisas: um corpo e ir à praia! Esse é o único “projeto verão” que você deve seguir.

Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.