O que o olfato revela sobre o Alzheimer antes do diagnóstico

Cientistas identificam ligação entre gene do Alzheimer e dificuldade para detectar cheiros

28/06/2025 20:03

Gene APOE e4 está ligado à perda sensorial e à aceleração de declínio cognitivo.
Gene APOE e4 está ligado à perda sensorial e à aceleração de declínio cognitivo. - iStock/SewcreamStudio

Pesquisadores da Universidade de Chicago revelaram que pessoas com uma variante do gene APOE e4, associada ao Alzheimer, apresentam um sintoma precoce em comum: a perda da capacidade de detectar cheiros. O estudo foi publicado na prestigiada revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia.

A descoberta pode representar um avanço significativo na identificação precoce da doença. Segundo os cientistas, a simples avaliação do olfato pode se tornar uma ferramenta acessível para prever problemas cognitivos antes mesmo de os sintomas mais clássicos aparecerem.

Descoberta pode ajudar na detecção precoce do Alzheimer por meio de testes simples de olfato.
Descoberta pode ajudar na detecção precoce do Alzheimer por meio de testes simples de olfato. - iStock/sudok1

Como o olfato pode revelar alterações no cérebro

A pesquisa avaliou 865 pessoas, analisando tanto a detecção quanto a identificação de odores, em intervalos de cinco anos. Os testes também envolveram habilidades cognitivas e de memória. Aqueles que carregavam o gene APOE e4 foram 37% menos propensos a detectar cheiros em comparação aos que não tinham essa variante genética.

O declínio na percepção olfativa foi perceptível entre os 65 e 69 anos. Nessa faixa etária, quem tinha o gene identificava, em média, 3,2 cheiros — enquanto os demais detectavam cerca de 3,9. Já a dificuldade em reconhecer os odores só apareceu entre os 75 e 79 anos, mas, a partir daí, a queda na capacidade foi mais acentuada entre os portadores do gene.

Além da perda de olfato, os participantes com a variante genética também apresentaram um declínio mais rápido nas funções de pensamento e memória ao longo do tempo. A correlação entre olfato e neurodegeneração reforça a ideia de que alterações sensoriais podem estar entre os primeiros sinais do Alzheimer.

Para os cientistas, compreender esses mecanismos é essencial para desenvolver estratégias de diagnóstico precoce e intervenções mais eficazes.

Sedentarismo diário pode ser um gatilho silencioso do Alzheimer

Estudos recentes indicam que a falta de atividade física regular pode aumentar o risco de desenvolver Alzheimer. Especialistas alertam que o sedentarismo diário compromete a saúde cerebral, reduz a circulação sanguínea no cérebro e favorece o declínio cognitivo, tornando-se um inimigo invisível da memória e do bem-estar. Clique aqui para saber mais.