O que rolou na histórica entrevista de Átila Iamarino ao Roda Viva

"O mundo vai ser mais diferente mas espero que seja mais unido", destacou pesquisador científico durante entrevista ao Roda Viva

31/03/2020 13:48 / Atualizado em 02/04/2020 14:31

Na noite da última segunda-feira, 30, o biólogo e pesquisador científico Átila Iamarino foi o convidado do programa de entrevistas Roda Viva, exibido pela TV Cultura.

De forma descontraída e didática, o especialista trouxe luz ao assunto do momento (o novo coronavírus) em uma edição histórica que bateu recorde de audiência do programa no ar desde 1986.

Doutor em microbiologia pela USP, Átila chamou atenção para a importância do papel da ciência em meio ao anúncio de cortes de verbas para pesquisas e sucateamento da área.

Abaixo, lembramos o que foi destaque na conversa e sua repercussão nas redes sociais.

Os riscos do contágio

Diante do embate político protagonizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que mantém postura negacionista quanto aos impactos da doença, e tenta relegar os impactos econômicos a opositores políticos, Átila analisou o cenário nacional frente ao avanço da pandemia. “A Covid mata de 10 a 20 vezes mais que o vírus da gripe comum, hospitaliza de 10 a 20 vezes mais pessoas que a gripe comum, então ela satura o Sistema de Saúde muito rapidamente, ela pode se transmitir para duas a três pessoas logo em seguida, isso é mais viral que memes na internet, que normalmente se espalham para duas pessoas ou menos, em média”.

Entrevista se tornou o assunto mais comentado no Twitter entre os brasileiros – Reprodução/TV Cultura
Entrevista se tornou o assunto mais comentado no Twitter entre os brasileiros – Reprodução/TV Cultura

Isolamento social

Átila lembrou a situação da Espanha, segundo país com maior número de vítimas da doença, para ressaltar a importância do isolamento social que, segundo ele, pode ser fundamental para frear o número de mortes. “Então, a Espanha de agora é o futuro para onde o Brasil estava rumando se não tomasse as medidas que tomou há uma semana, duas. Se chegar em abril e a gente não tiver chegado na situação da Espanha, de ter leito faltando em hospital, ter que colocar corpo em necrotério e câmara refrigerada, ter os velhinhos morrendo em casa, é resultado da ação direta de ter parado agora”

Ciência e imprensa no front da batalha

O especialista, que divulga seus estudos em um canal no YouTube, ressaltou o papel da ciência e da informação diante do cenário criado pela pandemia. Ambas as áreas, segundo ele, alvos de crescente descrédito nos últimos anos. “Temos duas ferramentas que estavam em descrédito. É bom renovar a confiança. A imprensa, que vem sendo atacada, é de extrema importância, é confiável gente competente que apura informação. A outra é a ciência. Seja histórica, para reconstruir e construir cenários, ou para prever, como a biologia.”

Novo mundo após a pandemia

Átila, que durante a entrevista se definiu como um otimista, acredita em um novo mundo após o fim da pandemia. “De imediato, até tomarmos a vacina, teremos que tomar precauções. Nesse meio tempo, as pessoas vão mudar. Tem pais e mães convivendo mais com os filhos. Convivemos com um problema de alguém do interior da China. O mundo vai ser mais diferente mas espero que seja mais unido”, disse.

>Assista ao programa completo no YouTube

Confira também as reações à entrevista no Twitter: