O que seu cérebro aprende ao vivenciar a rejeição?

O estudo da USC revela como a rejeição social pode ajudar a construir resiliência emocional e fortalecer vínculos

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
04/03/2025 10:32

A rejeição é uma experiência dolorosa, seja no campo afetivo, social ou profissional. Situações como o amor não correspondido, a exclusão de um evento importante ou a negativa de uma promoção são momentos difíceis, mas de acordo com uma pesquisa da University of Southern California, publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences, esses episódios podem ser fundamentais para o desenvolvimento das nossas habilidades emocionais.

O estudo revela como o cérebro humano lida com a aceitação e a rejeição, ajudando a entender os relacionamentos e aprimorando a nossa capacidade de adaptação.

O que seu cérebro aprende ao vivenciar a rejeição?
O que seu cérebro aprende ao vivenciar a rejeição? - iStock/fizkes

Manifestações da rejeição

A rejeição pode se manifestar de diversas formas e em diferentes contextos da vida cotidiana. Entre as principais, destacam-se:

  • Emoções e relacionamentos românticos: Quando os sentimentos ou os avanços de uma pessoa não são correspondidos.
  • Interações sociais: A exclusão de grupos ou atividades sociais.
  • Trabalho e estudos: O fracasso ao tentar uma promoção ou aprovação de um projeto.
  • Opiniões e ideias: Quando nossas sugestões ou pensamentos não são aceitos ou considerados relevantes.

Detalhes da pesquisa: como o cérebro responde à rejeição e aceitação

O estudo, realizado com estudantes universitários, focou em como o cérebro processa interações sociais, explorando o aprendizado social através da neuroimagem computacional. Durante o experimento, os participantes foram envolvidos em um jogo de confiança, onde acreditavam que estavam sendo avaliados por outros, mas, na verdade, as respostas eram geradas por um computador. Isso permitiu que os pesquisadores controlassem com precisão o tipo de feedback social recebido.

Combinando experimentos comportamentais, neuroimagem por ressonância magnética e modelos computacionais, a pesquisa identificou dois processos cerebrais cruciais para a formação de laços sociais: o aprendizado com resultados positivos (recompensas) e o monitoramento de como os outros nos percebem.

O cérebro humano reage de maneiras distintas à aceitação e rejeição, criando um ciclo de aprendizado que fortalece os relacionamentos sociais.
O cérebro humano reage de maneiras distintas à aceitação e rejeição, criando um ciclo de aprendizado que fortalece os relacionamentos sociais. - iStock/Iuliia Pilipeichenko

O papel das recompensas e validação social

Em termos simples, feedbacks positivos, como sorrisos ou elogios, sinalizam aceitação social e funcionam como recompensas que incentivam as pessoas a buscar mais interações. Do mesmo modo, quando percebemos que os outros nos valorizam, como no caso do apoio de um amigo, sentimos a motivação para estreitar ainda mais esses vínculos.

Esses processos de recompensas e validação são fundamentais para a construção de relacionamentos saudáveis e para o nosso desenvolvimento emocional. Quando experimentamos esse tipo de feedback positivo, o cérebro ativa áreas associadas ao prazer e à motivação.

O cérebro em ação: como diferentes tipos de deedback afetam as regiões cerebrais

As varreduras cerebrais feitas durante a pesquisa revelaram algo fascinante: diferentes tipos de feedback social ativam regiões específicas do cérebro. Quando os participantes ajustaram suas crenças sobre seu valor social, áreas ligadas à rejeição social foram ativadas. Já nos momentos de aceitação, as áreas relacionadas à recompensa se iluminaram.

Esse “processamento duplo” no cérebro evidencia como os seres humanos se ajustam emocionalmente a interações sociais, buscando o bem-estar e a adaptação a situações sociais.

A rejeição social não é apenas um desafio emocional, mas uma oportunidade para desenvolver resiliência e compreender melhor a interação humana.
A rejeição social não é apenas um desafio emocional, mas uma oportunidade para desenvolver resiliência e compreender melhor a interação humana. - iStock/takasuu

Rejeição social: da experiência dolorosa à oportunidade de aprendizado

O estudo não apenas esclarece os mecanismos neurais envolvidos na aceitação e rejeição, mas também sugere uma nova perspectiva sobre a rejeição social. Ao entender como o cérebro processa esses eventos, podemos transformar a rejeição de uma experiência puramente negativa em uma valiosa ferramenta de aprendizado, essencial para o desenvolvimento de relacionamentos mais saudáveis e conscientes.

Além disso, os pesquisadores destacam que esse conhecimento pode ser útil para lidar com desafios de saúde mental, como o transtorno de ansiedade social e a depressão, condições que frequentemente são intensificadas pela rejeição e exclusão social. O estudo abre portas para novos tratamentos e abordagens no campo da psicologia, oferecendo insights valiosos sobre como as interações sociais moldam a nossa saúde mental.

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