O que significa ter um déjà vu? A explicação neurológica por trás da sensação de já ter vivido um momento

A explicação mais clara sobre o que é o déjà vu

18/12/2025 11:06

A sensação de ter passado por uma situação exatamente igual no passado é conhecida como déjà vu. Esse fenômeno costuma surgir de forma repentina: a pessoa está em um ambiente comum, em uma conversa qualquer, e, por poucos segundos, tem a impressão nítida de que aquilo já aconteceu antes. O momento parece familiar, mas, ao mesmo tempo, não há uma lembrança clara de quando teria ocorrido.

Embora seja popularmente associado a mistério, o déjà vu tem sido cada vez mais estudado pela neurologia e pela psicologia. Pesquisadores buscam entender por que o cérebro produz essa sensação de repetição e quais mecanismos estão envolvidos na percepção de familiaridade. Em geral, trata-se de um evento breve, que não dura mais do que alguns instantes e, na maior parte dos casos, não está ligado a doenças graves.

O termo déjà vu, em francês, significa literalmente “já visto”
O termo déjà vu, em francês, significa literalmente “já visto”Imagem gerada por inteligência artificial

O que é déjà vu e por que essa sensação parece tão real?

O termo déjà vu, em francês, significa literalmente “já visto”. Na prática, descreve uma experiência em que o cérebro reconhece uma situação atual como se fosse uma memória, mesmo sem existir um episódio anterior correspondente. A pessoa sente uma forte familiaridade, mas não consegue indicar lugar, data ou contexto exato em que aquilo teria acontecido.

Pesquisadores consideram o déjà vu um tipo de “erro” ou curto-circuito na forma como o cérebro processa memórias e sensações de familiaridade. Em vez de registrar o que está acontecendo como algo totalmente novo, o sistema de memória rotula a experiência como se fosse algo já armazenado. Isso produz o sentimento de repetição, mesmo sem lembrança concreta.

Esse fenômeno é mais comum em adolescentes e adultos jovens, especialmente entre 15 e 30 anos, e tende a diminuir com o passar do tempo. Ele costuma ocorrer em momentos de cansaço, estresse ou distração, quando a atenção está dividida, o que favorece pequenas falhas no processamento de informações. Algumas pessoas também relatam déjà vu após mudanças de rotina, viagens longas ou períodos de grande carga emocional.

Confira abaixo um vídeo do canal no Youtube AcuriosaIA sobre o tema:

Déjà vu: qual é a explicação neurológica por trás da sensação?

Do ponto de vista neurológico, a sensação de déjà vu envolve principalmente áreas do cérebro relacionadas à memória, como o hipocampo e o lobo temporal. Essas regiões ajudam a diferenciar o que é lembrança do que está sendo vivido pela primeira vez. Quando há uma pequena dessincronização nesse sistema, o cérebro pode registrar uma experiência atual como se fosse uma velha recordação.

Uma das hipóteses mais discutidas é a chamada “falha de sincronização”. Nela, a informação sensorial que chega ao cérebro (imagens, sons, cheiros) é processada em caminhos ligeiramente diferentes. Se uma parte do sistema de memória recebe o estímulo alguns milissegundos antes da outra, o segundo processamento pode ser interpretado como algo já visto.

Outra linha de estudo fala em “falso reconhecimento”. O cérebro compara experiências atuais com memórias passadas para identificar padrões semelhantes. Em algumas circunstâncias, essa comparação gera um “alarme” de familiaridade sem que exista um evento específico no passado. Estudos com ressonância magnética funcional sugerem que, durante o déjà vu, áreas ligadas à decisão e ao monitoramento de memória podem tentar “corrigir” essa sensação, o que explicaria por que logo percebemos que algo não faz sentido completamente.

Déjà vu está ligado a doenças neurológicas?

Na maioria das pessoas saudáveis, o déjà vu é considerado um evento normal, comum ao funcionamento do cérebro. Entretanto, a neurologia também observa esse fenômeno em alguns quadros clínicos, sendo mais conhecido o caso da epilepsia do lobo temporal. Em certos pacientes, o déjà vu pode ocorrer como parte de uma aura epiléptica, isto é, um sintoma que antecede uma crise convulsiva.

Nesses casos específicos, a sensação de já ter vivido aquele momento costuma ser mais intensa, mais longa e, às vezes, acompanhada de outros sinais, como alteração na percepção do ambiente, mal-estar ou mudanças súbitas de humor. Ainda assim, a presença ocasional de déjà vu, isoladamente, não indica epilepsia ou outra doença neurológica.

  • Déjà vu ocasional, breve e sem outros sintomas: geralmente considerado benigno.
  • Déjà vu frequente, prolongado e associado a desmaios, convulsões ou lapsos de memória: pode exigir avaliação médica.

Profissionais de saúde costumam observar a frequência, a intensidade e o contexto em que o déjà vu acontece. Só há motivo para investigação mais aprofundada quando o fenômeno vem acompanhado de outros sinais neurológicos ou de prejuízo nas atividades diárias.

O termo déjà vu, em francês, significa literalmente “já visto”
O termo déjà vu, em francês, significa literalmente “já visto”Imagem gerada por inteligência artificial

Fatores que favorecem o déjà vu e como lidar no dia a dia

Além de explicações neurológicas, pesquisadores apontam alguns fatores que podem aumentar a chance de ocorrer um déjà vu, muitos deles ligados à atenção, memória e fadiga mental.

  1. Cansaço e privação de sono: noites mal dormidas podem deixar o processamento de informações mais lento e desorganizado, facilitando deslizes na percepção de novidade e familiaridade.
  2. Ambientes parecidos com memórias antigas: um lugar novo que lembra vagamente outro já visitado pode ativar lembranças difusas e trazer a sensação de repetição.
  3. Estresse e excesso de estímulos: períodos de muita pressão, com grande volume de informações, podem sobrecarregar o sistema de memória, aumentando a chance de falsos reconhecimentos.
  4. Foco dividido: quando a atenção está fragmentada entre várias tarefas, o cérebro pode registrar parcialmente uma cena e, segundos depois, reconhecê-la como se fosse uma lembrança.

Para a maioria das pessoas, viver um déjà vu de vez em quando é apenas uma curiosidade da mente. Não há necessidade de tratamento específico. Algumas atitudes simples podem ajudar:

  • Registrar mentalmente quando o déjà vu aconteceu, em que lugar e por quanto tempo durou.
  • Notar se há outros sinais associados, como dor de cabeça forte, alterações visuais ou perda de consciência.
  • Cuidar de sono, alimentação equilibrada, atividade física e gerenciamento de estresse.

Se a sensação de déjà vu passar a ser muito frequente, prolongada ou vier acompanhada de sintomas físicos ou alterações importantes de memória, a recomendação é buscar avaliação médica especializada para descartar problemas neurológicos ou psiquiátricos.