Entenda por que, segundo a ciência, o olfato pode indicar Alzheimer

Para explorar como o olfato pode ser um indicativo precoce do Alzheimer, é essencial compreender a relação íntima entre o sistema olfativo e o cérebro

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
21/11/2024 16:00 / Atualizado em 27/11/2024 14:44

O olfato é processado pelo bulbo olfativo, uma estrutura na base cerebral que mantém conexões estreitas com as emoções e memórias – ZaraMuzafarova/DepositPhotos
O olfato é processado pelo bulbo olfativo, uma estrutura na base cerebral que mantém conexões estreitas com as emoções e memórias – ZaraMuzafarova/DepositPhotos - ZaraMuzafarova/DepositPhotos

No Brasil, mais de 1,2 milhão de pessoas convivem com algum tipo de demência, e a cada ano, surgem cerca de 100 mil novos diagnósticos. Em escala global, esse número impressionante chega a 50 milhões.

A doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência, destaca a importância de reconhecer seus primeiros sinais e compreender os fatores que favorecem seu desenvolvimento. Uma conexão intrigante: Alzheimer e o olfato

Para explorar como o olfato pode ser um indicativo precoce do Alzheimer, é essencial compreender a relação íntima entre o sistema olfativo e o cérebro.

Olfato e o Alzheimer

O olfato é processado pelo bulbo olfativo, uma estrutura na base cerebral que mantém conexões estreitas com o sistema límbico, responsável por emoções e memórias. Essa proximidade anatômica torna o sistema olfativo vulnerável às alterações cerebrais associadas ao Alzheimer, o que pode explicar o impacto precoce na capacidade de sentir e reconhecer cheiros.

Embora ainda não exista uma cura para o Alzheimer, a detecção precoce é um fator chave para permitir intervenções que retardem a progressão da doença. A ciência por trás da perda de olfato

Pesquisas apontam que pessoas com comprometimento cognitivo leve – uma condição frequentemente precursora do Alzheimer – apresentam maior dificuldade em identificar cheiros.

Estudos conduzidos pela Universidade da Pensilvânia revelaram uma forte associação entre a perda de olfato e o risco elevado de desenvolver Alzheimer. Esses achados sugerem que testes olfativos podem servir como ferramentas promissoras para identificar indivíduos em estágio inicial da doença. Testes de olfato: um passo à frente no diagnóstico

Cientistas têm trabalhado no desenvolvimento de testes olfativos para detecção precoce do Alzheimer. Esses testes desafiam os participantes a identificar ou diferenciar odores específicos. Dificuldades nessas tarefas podem indicar um comprometimento olfativo relacionado à doença.

Desafios e limitações dos testes olfativos

Apesar do potencial, os testes de olfato enfrentam obstáculos. A capacidade de perceber cheiros varia entre os indivíduos, influenciada por fatores como idade, sexo, tabagismo e condições médicas pré-existentes. Além disso, a perda de olfato não é exclusiva do Alzheimer, sendo também um sintoma de outras condições neurológicas e não-neurológicas.

Esses desafios reforçam a necessidade de combinar os testes olfativos com outros métodos diagnósticos, criando abordagens mais abrangentes e confiáveis.