Por que, segundo a ciência, comer ovo ajuda a melhorar a memória

A quantidade ideal de ovos na dieta deve ser ajustada de acordo com o perfil

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
24/10/2024 16:00 / Atualizado em 27/10/2024 12:20

Ovo é uma fonte rica de luteína e zeaxantina, dois carotenoides de forte ação antioxidante – AntonMatyukha/Depositphotos
Ovo é uma fonte rica de luteína e zeaxantina, dois carotenoides de forte ação antioxidante – AntonMatyukha/Depositphotos

Há algumas décadas, o ovo era o vilão indiscutível das dietas. Mas hoje, ele ocupa um lugar de destaque entre os alimentos mais completos e, cada vez mais, estudos ressaltam seus benefícios à saúde.

Um dos trabalhos mais recentes, publicado no periódico Nutrients em agosto, revela que o consumo de ovo pode ter um papel importante na melhoria da memória, especialmente entre mulheres.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, analisaram os dados de 890 pessoas — 357 homens e 533 mulheres —, investigando seus hábitos alimentares e submetendo-os a testes cognitivos detalhados.

O estudo revelou que as mulheres que incluíam ovos na dieta apresentaram menor declínio na fluência verbal ao longo dos anos, mostrando melhor desempenho na nomeação de categorias, como nomes de animais, em comparação às que não consumiam o alimento.

Embora os próprios pesquisadores reconheçam que mais estudos são necessários para confirmar esses resultados, diversas substâncias presentes no ovo têm sido associadas a melhorias cognitivas. Entre os principais compostos está a colina, uma vitamina do complexo B encontrada na gema, essencial para a produção de acetilcolina, neurotransmissor fundamental para a memória e o aprendizado.

Além disso, o ovo é uma fonte rica de luteína e zeaxantina, dois carotenoides de forte ação antioxidante que ajudam a proteger o cérebro contra o estresse oxidativo e a inflamação, como explica a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein. Esses compostos atuam como verdadeiros guardiões dos neurônios e outras estruturas cerebrais.

Embora a colina, a luteína e a zeaxantina tenham grande destaque no que diz respeito à saúde cognitiva, o ovo tem outros tesouros a oferecer. Sua proteína, por exemplo, é amplamente celebrada. A clara do ovo, em particular, é uma fonte poderosa de aminoácidos, responsáveis por garantir o desenvolvimento do embrião e, no nosso corpo, atuam na construção e reparação de tecidos, como músculos, pele, cabelos e unhas.

Ovo além da proteína

Com tanto potencial nutricional, é comum que algumas pessoas acabem exagerando no consumo de ovos em busca de mais proteína. No entanto, a nutricionista alerta que o corpo tem um limite para a absorção de proteínas por refeição. Ingerir além desse limite não traz benefícios extras e pode até causar problemas à saúde. A quantidade ideal de ovos na dieta deve ser ajustada de acordo com o perfil e as necessidades de cada pessoa.

E quanto ao colesterol? Na década de 1970, o ovo foi praticamente banido por seu suposto impacto no aumento do risco cardiovascular, devido ao seu teor de colesterol. Mas hoje, já se sabe que o verdadeiro vilão para as taxas de colesterol LDL — o “colesterol ruim” — são as gorduras saturadas e trans, presentes em alimentos como carnes gordurosas, coco e biscoitos recheados, e não o ovo. Assim, com moderação, o ovo se firma como um grande aliado da saúde, longe da má reputação do passado.