Padrão químico no sangue pode indicar traço suicida, aponta estudo

Descoberta pode contribuir para o mapeamento de ideações suicidas observadas em pacientes com depressão

Estudo observou biomarcadores presentes no sangue para identificar traços suicidas – iStock/Getty Images
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Estudo observou biomarcadores presentes no sangue para identificar traços suicidas – iStock/Getty Images

Estudo divulgado pela Escola de Medicina de Harvard (EUA) e do Cidacs/Fiocruz Bahia (Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz) revela que, entre 2011 e 2022, o Brasil teve mais de 147 mil casos de suicídios. 

Em meio à escalada de casos de suicídio em todo o mundo, cientistas descobriram uma maneira de identificar maior risco de comportamento suicida, com base apenas em marcadores biológicos no sangue. O estudo foi publicado na revista Nature.

Em um teste com quase 200 participantes – metade dos quais tinha transtorno depressivo grave e ideação suicida, e metade dos quais não tinha – a precisão do diagnóstico foi de cerca de 90%. 

O resultado, de acordo com o relatório final da pesquisa, foi alcançado usando alguns marcadores de produção de energia nas células do corpo: cinco metabólitos nos exames de sangue de participantes do sexo feminino e cinco ligeiramente diferentes nos homens.

Depressão no sangue: o que dizem os especialistas 

 Os indivíduos selecionados com transtorno depressivo apresentaram deficiências significativas em metabólitos sanguíneos, como:

  • carnitina, que desempenha um papel na produção de energia celular;
  • CoQ10, que ajuda a converter alimentos em energia;
  • ácido fólico, que regula expressão genética;
  • citrulina, que auxilia na remoção de toxinas como a amônia;
  • vitamina D, que está ligada à absorção de cálcio;
  • luteína, que tem propriedades anti-inflamatórias

Biomarcadores: traço suicida no sangue

Cientistas envolvidos no estudo explicam que nenhum desses biomarcadores são capazes de reverter completamente a depressão de alguém. Embora os resultados mostrem que pode haver procedimentos que empurrem o metabolismo na direção certa para ajudar os pacientes a responder melhor ao tratamento e, no contexto do suicídio, evitar que as pessoas ultrapassem esse limiar.

Para os especialistas, pessoas com ideações suicidas apresentam biomarcadores como o ácido láctico e o fator de crescimento de fibroblastos 21 (FGF21), que estão ligados ao estresse mitocondrial, em quantidades elevadas.

Ainda que os sintomas do transtorno depressivo maior (TDM) sejam principalmente psicológicos, na última década, as pesquisas têm encontrado cada vez mais uma ligação entre depressão e doenças metabólicas. Além disso, observou-se que ambas as condições apresentam estados inflamatórios crônicos subjacentes.

Por isso, muitos cientistas estão agora estudando marcadores inflamatórios na esperança de encontrar novos alvos para medicamentos.

Atenção: o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat.

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