Nascimento do bebê real e o que entendemos por cultura de parto

Por: Catraca Livre

Nesta segunda-feira, 23, o mundo voltou os olhares, mais uma vez, para a família real. Kate Middleton, Duquesa de Cambridge, deu à luz ao terceiro filho e, como aconteceu também nas gestações anteriores, muitos comentários surgiram sobre a recuperação no pós-parto.

Sem qualquer alarde, sem revelação do tão aguardado nome do recém-nascido, assim, de surpresa, Kate e William apareceram com o pequeno herdeiro nos braços. E ela, recém-parida, de olhar sereno, cabelos e maquiagem intactos. Por que isso choca?

O que gente chama de “parto dos sonhos”, nada mais é do que o ideal esperado de assistência ao parto; ou seja, o parto ao qual todas as mulheres deveriam ter acesso e direito Um processo que respeita o tempo da criança e da mulher, em que ela possa, depois, sair andando e ter uma rápida recuperação.

Kate saiu do hospital cerca de sete horas após dar à luz e as fotos deixaram o mundo todo de queixo caído.

Tudo isso não passa de um parto normal, que é um processo natural a instintivo. Porém, a realidade da maioria das brasileiras, por exemplo, está distante deste ideal.

No Brasil, pesquisas mostram que 52% dos partos são cesarianas. Esse número chega a ultrapassar 80% quando falamos em sistema privado de saúde. Boa parte dessas mulheres não opta necessariamente pela cesárea, mas são conduzidas a uma por orientação do médico.

Vale considerar que nenhuma mulher precisa se sentir obrigada a sair da maternidade penteada e maquiada, pois cada uma vivencia o parto de maneira muito particular. Da mesma forma, nenhuma mulher é obrigada a optar por parto normal, se não quiser, assim como não deveria ficar sujeita às decisões arbitrárias de médicos ou do sistema de saúde.

O que deve ser comum a toda mulher é o acesso à informação e o direito de escolha. Com isso, cada uma pode escolher sair produzida ou descabelada, parir seu filho com analgesia ou sem, de cócoras ou na banheira.

Tranquilos, Kate e William saíram da maternidade, sem alarde e sem revelar o tão aguardado nome do bebê real.
Kate já havia levantado a discussão em 2014, ao dar à luz à pequena Charlotte e sair da maternidade 10 horas depois, num parto sem analgesia.

Ainda não se sabe ao certo quanto tempo Kate ficou no hospital, mas a imprensa noticiou que teria sido algo em torno de sete horas. Em 2014, no nascimento de Charlotte, também houve polêmica, já que a duquesa permaneceu por dez horas no hospital e pariu sem analgesia.

Na Inglaterra, a alta de seis horas é comum e, por lá, os médicos são coadjuvantes. Eles só aparecem em cena em caso de emergência, para fazer as cesarianas realmente necessárias, que salvam vidas.

As recomendações da OMS

A Organização Mundial da Saúde defende o parto normal e, em fevereiro deste ano, lançou novas recomendações para evitar o aumento nas taxas de cesariana. Clique aqui e confira a matéria que publicamos.

As orientações foram pautadas em mais de 200 publicações científicas e 56 recomendações baseadas em evidências direcionadas aos serviços de saúde, buscando valorizar o nascimento natural.

As novas diretrizes incluem, por exemplo, ter acompanhante à escolha da gestante durante o trabalho de parto e o nascimento, receber atendimento respeitoso e acesso a boa comunicação com os profissionais de saúde. Além disso, a OMS pede que bebês sem complicações façam o contato pele a pele com a mãe ainda na primeira hora de vida para prevenção de hipotermia e para estimular o aleitamento.

Vale ressaltar que a cesárea é um procedimento necessário em alguns casos. Desde 1985, a comunidade médica internacional considera que a taxa ideal fique entre 10% e 15%. Por isso, é sempre importante buscar informação na hora de decidir sobre o parto.

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