Pesadelos podem indicar declínio cognitivo
A relação entre pesadelos e doenças cerebrais, como Parkinson e demência, reforça a necessidade de maior atenção médica
Um novo estudo apresentado no EAN 2024, o 10º Congresso da Academia Europeia de Neurologia, revelou que pesadelos frequentes em adultos de meia-idade e idosos podem sinalizar um risco significativamente maior de declínio cognitivo e demência.
A pesquisa, conduzida pelo Imperial College London, trouxe à tona novas evidências sobre a relação entre sonhos angustiantes e a saúde cerebral a longo prazo.
Estudo de longo prazo em adultos de meia-idade e idosos
A equipe de pesquisadores do Imperial College London acompanhou 605 adultos de meia-idade ao longo de mais de 13 anos, além de monitorar 2.600 adultos mais velhos por mais de sete anos. O objetivo era entender se havia uma ligação entre a frequência dos pesadelos e o risco de declínio cognitivo e demência.
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Os resultados mostraram que os adultos de meia-idade que relataram ter pesadelos angustiantes pelo menos uma vez por semana tinham um risco quatro vezes maior de apresentar declínio cognitivo ao longo do tempo. Para os adultos mais velhos, o risco de desenvolver demência mais que dobrou em comparação com aqueles que não experimentavam pesadelos frequentes.
A relação entre pesadelos e doenças cerebrais
A pesquisa também destacou uma conexão forte entre pesadelos e várias condições cerebrais. Embora fatores como estresse, ansiedade e depressão possam desencadear sonhos angustiantes, os pesquisadores sugerem que há outras causas em jogo.
Um dos pontos levantados foi a possibilidade de alguns indivíduos possuírem um conjunto de genes que os torna mais propensos a ter pesadelos frequentes.
Além disso, estudos anteriores já haviam estabelecido uma ligação entre pesadelos e a doença de Parkinson. Agora, os pesquisadores sugerem que essa relação pode se estender a outras condições cerebrais, incluindo doenças autoimunes, como lúpus, e até mesmo transtornos de saúde mental na infância, como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
A importância da investigação médica sobre pesadelos
Diante dessas descobertas, os pesquisadores defendem que os profissionais de saúde devem dar mais atenção ao relato de pesadelos em consultas de rotina, especialmente entre os pacientes mais velhos.
Os pesadelos podem servir como um indicador precoce de problemas de saúde cerebral, permitindo intervenções mais precoces para reduzir o risco de declínio cognitivo.
Embora muitos associem pesadelos a problemas de saúde mental, como estresse ou depressão, as evidências sugerem que sua relação com a saúde cerebral é muito mais complexa.
A identificação precoce de pesadelos frequentes pode ser uma ferramenta valiosa na prevenção de demência e outras doenças cerebrais.