Pesquisa sugere novo fator associado ao Parkinson

A descoberta pode melhorar consideravelmente a eficácia dos tratamentos desse distúrbio neurodegenerativo

08/02/2024 23:30

A descoberta pode melhorar consideravelmente a eficácia dos tratamentos desse distúrbio neurodegenerativo – iStock/Getty Images
A descoberta pode melhorar consideravelmente a eficácia dos tratamentos desse distúrbio neurodegenerativo – iStock/Getty Images - sudok1/istock

A origem do Parkinson pode estar associada a um fator nunca antes levado em conta pela ciência. É o que mostra estudo desenvolvido pela Universidade de Northwestern (EUA). 

Segundo a pesquisa, a degeneração das células que produzem o neurotransmissor dopamina, chamados de neurônios dopaminérgicos, normalmente é tida como o desencadeador do Parkinson.

O novo estudo, no entanto, sugere que antes dessa degeneração se desenvolver há uma disfunção na comunicação entre os neurônios, originada por uma mutação genética que resulta em déficits de dopamina.

Ainda de acordo com o levantamento, a doença de Parkinson afeta entre 1% e 2% da população e é manifestada, em geral, por tremores em repouso, rigidez e lentidão dos movimentos. Com a perda gradual dos neurônios dopaminérgicos, localizados no mesencéfalo, ocorre uma redução na produção de dopamina responsável pela transmissão da informação entre as células cerebrais.

Doença de Parkinson x disfunção sináptica

O resultado é fraqueza intensa, algumas vezes com comprometimento respiratório e dificuldade de deglutinação. O estudo revela que antes dos neurônios serem degenerados, as sinapses dopaminérgicas se tornam disfuncionais. O processo tem como consequência fraqueza intensa, além de eventualmente se manifestar pelo comprometimento respiratório e dificuldade de deglutinação. 

Cenários que levaram os especialistas a considerar que a melhor estratégia terapêutica seria o direcionamento das sinapses disfuncionais para evitar a morte neuronal.

Os genes Pink1 e Parkin são essenciais para o funcionamento normal das células. Isso porque eles são responsáveis pela reciclagem ou eliminação de mitocôndrias – as estruturas celulares que não estão operando bem.

Pesquisas anteriores já demonstraram que o mau funcionamento desses genes pode estar relacionado com o desenvolvimento da doença de Parkinson. No novo estudo, os cientistas perceberam que apenas uma pequena alteração no gene Parkin poderia desencadear a doença.

O que muda no tratamento do Parkinson? 

O recente avanço da pesquisa permite vislumbrar um novo caminho para a prevenção da doença de Parkinson. Os cientistas descobriram que o Parkin tem a função crítica de controlar a liberação de dopamina. E que a disfunção nas sinapses, causada pela alteração do Parkin, precede a neurodegeneração dos neurônios dopaminérgicos.

Isso conduziu à ideia de que, se fortalecermos a atividade do Parkin, poderíamos eventualmente prevenir a degeneração neuronal no Parkinson.

A partir desta descoberta, os cientistas buscam desenvolver medicamentos que estimulem a atuação do Parkin, corrigindo a disfunção sináptica e, idealmente, prevenindo a degeneração neuronal no Parkinson.

A nova perspectiva é importante, pois aponta que não apenas o número de neurônios que produzem dopamina é afetado, mas também a maneira como essa dopamina é controlada na sinapse. Atualmente, os tratamentos se concentram em aumentar a quantidade de dopamina.

O próximo passo, no entanto, seria otimizar o controle dessa dopamina e, assim, melhorar o funcionamento das sinapses.