Pesquisadoras brasileiras desenvolvem imunizante contra os efeitos da cocaína

A vacina concorre a 500 mil euros pelo Prêmio Euro Inovação na Saúde

25/06/2023 14:18

Uma pesquisa, liderada por um grupo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e contando com a participação de duas bolsistas Capes, obteve resultados promissores ao impedir a entrada das moléculas da cocaína no sistema nervoso central.

Agora, a vacina concorre a um prêmio a 500 mil euros pelo Prêmio Euro Inovação na Saúde, que reconhece grandes inovações e promove o desenvolvimento de soluções na área médica.

Pesquisadoras brasileiras desenvolvem imunizante contra os efeitos da cocaína
Pesquisadoras brasileiras desenvolvem imunizante contra os efeitos da cocaína - Martin Lopez/Pexels

O estudo traz esperança na luta contra o vício em cocaína, oferecendo uma nova abordagem terapêutica por meio de uma vacina inovadora.

As pesquisadoras da Capes

Juliana Sad, mestranda na UFMG, e Raíssa Lima, doutoranda na UFMG, desempenham papéis fundamentais nesse projeto multidisciplinar. Raíssa concentra seus estudos no doutorado na padronização de um teste imunológico capaz de verificar a eficácia da vacina.

“É como se a pessoa perdesse o interesse, não se sentisse mais prazer no uso da droga”, explicou Raíssa Lima em declaração divulgada pela redação CGCOM/Capes.

Ela analisou quais anticorpos são produzidos pela molécula e a intensidade com que eles se ligam à cocaína, impedindo sua ação no sistema nervoso central. Essa abordagem, caso aprovada, desempenhará um papel crucial no combate às recaídas dos usuários durante o tratamento, diminuindo seu interesse e prazer no uso da droga.

Fachada do edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
Fachada do edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) - Marcello Casl Junior/Agência Brasil

Por sua vez, Juliana Sad se dedica a estudar a segurança da vacina em gestantes. Os efeitos da cocaína, sentidos pela mãe, podem ser transmitidos para o feto, causando problemas como má formação congênita e irritabilidade.

A ideia é que, por meio da imunização passiva, a mãe possa produzir os anticorpos necessários para proteger o bebê, bloqueando assim os efeitos da droga. Os testes pré-clínicos demonstraram que a vacina é segura e eficaz nesse sentido.

O grupo de pesquisadoras concluiu a fase pré-clínica do estudo com resultados promissores.

No entanto, antes de ser disponibilizada à população, ainda são necessários estudos clínicos envolvendo seres humanos. Raíssa revela que vencer esse prêmio seria uma oportunidade para dar continuidade à próxima etapa do processo, já que os estudos clínicos requerem investimentos consideráveis.

As duas cientistas ressaltam a importância de serem bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Essa oportunidade proporcionou-lhes o tempo e os recursos necessários para levar suas pesquisas ao estágio atual.

*Com informações da CGCOM/CAPES.