Torcedora percebe pinta e avisa assistente de técnico sobre câncer

Na arquibancada, uma assistente de enfermagem voluntária avistou a verruga na nuca do homem

05/01/2022 14:42

Durante uma partida de hóquei entre Vancouver Canucks e Seattle Kraken, Nadia Popovici, de 22 anos, avistou uma pinta com tinha formato irregular e cor marrom-avermelhada na nuca de Brian Hamilton, gerente assistente de equipamento do Canucks, e fez o possível para avisá-lo do risco de câncer.

Ela, que aprendeu a reconhecer característica de melanoma enquanto trabalhava como voluntária de auxiliar de enfermagem, escreveu a mensagem no celular e mostrou a tela a Hamilton.

Nadia Popovici avisou Brian Hamilton, do Vancouver Canucks, que ele tinha uma pinta na nuca possivelmente cancerosa
Nadia Popovici avisou Brian Hamilton, do Vancouver Canucks, que ele tinha uma pinta na nuca possivelmente cancerosa - Reprodução/Redes Sociais

O texto estava com as palavras “pinta”, “câncer” e “médico” em vermelho, para ficar bem destacado e visível.

Hamilton mostrou a mancha ao médico do time e fez exames. A biópsia confirmou o câncer de pele, tal como alertado por Nadia. Ele iniciou o tratamento com rapidez.

Os dois times que jogavam naquela noite doaram US$ 10 mil para Nadia realizar o seu sonho: estudar medicina.

Melanoma: os principais sinais na pele que indicam a doença

Quando diagnosticado no começo, o melanoma tem mais de 90% de chances de cura
Quando diagnosticado no começo, o melanoma tem mais de 90% de chances de cura - Getty Images/iStockphoto

O câncer de pele é o mais comum no Brasil, representando cerca de 30% de todos os casos da doença. O melanoma corresponde a 4% desse total e tem um grande potencial metastático. Apesar da gravidade, a chance de cura é de mais de 90%, em casos de diagnóstico precoce.

O melanoma ocorre quando há um crescimento anormal da células produtoras de melanina (melanócitos) que dão cor à pele. Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. Entre os fatores de risco, está a exposição ao sol sem a devida proteção.

Sinais no corpo

Manchas e pintas escuras que mudam de tamanho merecem atenção
Manchas e pintas escuras que mudam de tamanho merecem atenção - Getty Images/iStockphoto

O melanoma pode surgir em qualquer parte do corpo, inclusive em áreas não expostas ao sol. Geralmente, é comum identifica-lo como uma pinta ou mancha que pode mudar de cor ou tamanho.

De acordo com Dr. Bernardo Garicochea, oncologista e especialista em genética do CPO, unidade do Grupo Oncoclínicas em São Paulo, é importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas.

“As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como ‘ABCD’- assimetria, bordas irregulares, cor e diâmetro. A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce”, explica.

O Instituto Melanoma Brasil recomenda ficar atento aos seguintes sinais:

  • Surgimento de uma nova mancha, de forma irregular;
  • Sinal de nascença simples que muda de cor, tamanho ou textura ;
  • Uma lesão com borda irregular, com área ou pontos vermelhos, brancos, azuis, cinzas ou preto-azulados;
  • Uma nova protuberância brilhante, firme, em qualquer parte do corpo;
  • Manchas escuras sob as unhas de mãos ou pés, nas palmas das mãos, plantas dos pés ou nas membranas mucosas;
  • A forma de metade da mancha não coincide com a outra metade.
  • As bordas são irregulares, entalhadas ou dentadas.
  • É muitas vezes desigual. Tons de preto, marrom e canela podem estar presentes. Áreas brancas, cinzas, vermelhas ou azuis também podem ser vistas.
  • Diâmetro. Maior que 6 mm.

O oncologista Bernardo Garicochea destaca que 3% dos melanomas são hereditários e indica alguns pontos de atenção que podem indicar propensão à doença:

  • Pessoas que possuem uma grande quantidade de pintas escuras espalhadas pelo corpo;
  • Incidência de melanoma em algum parente muito jovem (menos de 35 anos);
  • Mais de dois casos de melanoma na família (em qualquer idade).

Nesses casos, o médico informa que há um teste genético capaz de identificar se há predisposição genética ao melanoma. O teste coleta uma amostra de saliva ou sangue para detectar a presença de genes ligados à doença.

Tratamento

O tratamento mais adequado irá depender do tamanho e estágio da doença, podendo ser quimioterapia, radioterapia, terapia biológica, cirurgia e imunoterapia.

A imunoterapia, por exemplo, é o tratamento que promove a estimulação do sistema imunológico por meio do uso de substâncias modificadoras da resposta biológica. “Em resumo, trata-se de um grupo de drogas que, ao invés de mirar o câncer, ajuda as nossas defesas a detectá-lo e agredi-lo”, explica o oncogeneticista.