Por que a montanha-russa emocional pode ser um sinal de bipolaridade
Episódios de euforia e tristeza profunda podem ser mais do que variações de humor. Entenda os sintomas e como tratar a bipolaridade com eficácia

Mudanças extremas de humor, entre euforia intensa e tristeza profunda, são mais do que simples oscilações emocionais. Elas podem ser um indício de um transtorno mental sério: a bipolaridade. Esse distúrbio, que afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais comum entre os 15 e 35 anos.
A bipolaridade compromete não apenas o equilíbrio emocional, mas também a capacidade funcional, impactando trabalho, estudos e relações pessoais. E para complicar, é comum que a condição venha acompanhada de outros problemas de saúde mental, como ansiedade ou dependência química, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador.
O que é bipolaridade e como ela se manifesta
De acordo com o DSM-5, manual referência da psiquiatria mundial, a bipolaridade é caracterizada por oscilações extremas de humor, energia e comportamento. Essas mudanças são divididas em dois tipos principais de episódios: os maníacos e os depressivos.
Episódios maníacos:
- Euforia intensa e sensação de poder ilimitado
- Irritabilidade, fala acelerada e agitação
- Perda de inibições e comportamentos impulsivos
- Redução da necessidade de sono
- Autoestima inflada
- Distração e impulsividade
- Hiperatividade sexual
- Episódios depressivos:
- Tristeza profunda e desânimo
- Falta de interesse em atividades rotineiras
- Cansaço excessivo e alterações no apetite
- Baixa autoestima e sentimentos de culpa
- Lentidão de pensamento e dificuldade de concentração
- Ideias suicidas ou de automutilação
- Quando a bipolaridade cruza os limites da realidade
Em casos mais graves, a bipolaridade pode incluir sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. Isso significa acreditar em coisas que não são reais — como ter uma missão divina ou poderes especiais — ou até mesmo ouvir vozes inexistentes. Tais manifestações ocorrem tanto na fase maníaca quanto na depressiva e exigem atenção médica urgente.

Diagnóstico e tratamento: a importância do acompanhamento
O diagnóstico de bipolaridade é clínico e envolve uma análise profunda do histórico do paciente e de seus sintomas. A boa notícia é que há tratamento eficaz. Medicamentos estabilizadores de humor, antipsicóticos e psicoterapia formam o tripé do cuidado.
É essencial que o tratamento seja contínuo e acompanhado por profissionais de saúde mental. A interrupção pode causar recaídas perigosas. Vale lembrar que antidepressivos isolados não são recomendados, pois podem desencadear crises maníacas se não forem associados a estabilizadores de humor.
Além dos medicamentos, a psicoterapia auxilia na construção de uma percepção mais equilibrada de si mesmo, na melhoria de relacionamentos e no enfrentamento de gatilhos emocionais.
Mudanças cerebrais no transtorno bipolar
Pesquisas revelam alterações significativas no cérebro de pessoas com transtorno bipolar. Destacam-se variações no volume do hipocampo, amígdala e córtex pré-frontal. Essas áreas, ligadas ao humor e tomada de decisões, sofrem influência de fatores genéticos e ambientais, impactando o comportamento e a resposta aos tratamentos. Clique aqui para saber mais.