Por que a montanha-russa emocional pode ser um sinal de bipolaridade

Episódios de euforia e tristeza profunda podem ser mais do que variações de humor. Entenda os sintomas e como tratar a bipolaridade com eficácia

31/05/2025 13:02

O transtorno bipolar atinge cerca de 4% da população adulta mundial
O transtorno bipolar atinge cerca de 4% da população adulta mundial - iStock

Mudanças extremas de humor, entre euforia intensa e tristeza profunda, são mais do que simples oscilações emocionais. Elas podem ser um indício de um transtorno mental sério: a bipolaridade. Esse distúrbio, que afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais comum entre os 15 e 35 anos.

A bipolaridade compromete não apenas o equilíbrio emocional, mas também a capacidade funcional, impactando trabalho, estudos e relações pessoais. E para complicar, é comum que a condição venha acompanhada de outros problemas de saúde mental, como ansiedade ou dependência química, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador.

O que é bipolaridade e como ela se manifesta

De acordo com o DSM-5, manual referência da psiquiatria mundial, a bipolaridade é caracterizada por oscilações extremas de humor, energia e comportamento. Essas mudanças são divididas em dois tipos principais de episódios: os maníacos e os depressivos.

Episódios maníacos:

  • Euforia intensa e sensação de poder ilimitado
  • Irritabilidade, fala acelerada e agitação
  • Perda de inibições e comportamentos impulsivos
  • Redução da necessidade de sono
  • Autoestima inflada
  • Distração e impulsividade
  • Hiperatividade sexual
  • Episódios depressivos:
  • Tristeza profunda e desânimo
  • Falta de interesse em atividades rotineiras
  • Cansaço excessivo e alterações no apetite
  • Baixa autoestima e sentimentos de culpa
  • Lentidão de pensamento e dificuldade de concentração
  • Ideias suicidas ou de automutilação
  • Quando a bipolaridade cruza os limites da realidade

Em casos mais graves, a bipolaridade pode incluir sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. Isso significa acreditar em coisas que não são reais — como ter uma missão divina ou poderes especiais — ou até mesmo ouvir vozes inexistentes. Tais manifestações ocorrem tanto na fase maníaca quanto na depressiva e exigem atenção médica urgente.

O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica em que há mudanças extremas no humor, energia, atividade e capacidade de realizar as atividades do dia a dia
O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica em que há mudanças extremas no humor, energia, atividade e capacidade de realizar as atividades do dia a dia

Diagnóstico e tratamento: a importância do acompanhamento

O diagnóstico de bipolaridade é clínico e envolve uma análise profunda do histórico do paciente e de seus sintomas. A boa notícia é que há tratamento eficaz. Medicamentos estabilizadores de humor, antipsicóticos e psicoterapia formam o tripé do cuidado.

É essencial que o tratamento seja contínuo e acompanhado por profissionais de saúde mental. A interrupção pode causar recaídas perigosas. Vale lembrar que antidepressivos isolados não são recomendados, pois podem desencadear crises maníacas se não forem associados a estabilizadores de humor.

Além dos medicamentos, a psicoterapia auxilia na construção de uma percepção mais equilibrada de si mesmo, na melhoria de relacionamentos e no enfrentamento de gatilhos emocionais.

Mudanças cerebrais no transtorno bipolar

Pesquisas revelam alterações significativas no cérebro de pessoas com transtorno bipolar. Destacam-se variações no volume do hipocampo, amígdala e córtex pré-frontal. Essas áreas, ligadas ao humor e tomada de decisões, sofrem influência de fatores genéticos e ambientais, impactando o comportamento e a resposta aos tratamentos. Clique aqui para saber mais.