Por que algumas pessoas não conseguem emagrecer mesmo com dieta?

O que vive no seu intestino pode estar sabotando sua perda de peso

23/12/2025 16:16

Nos últimos anos, a dificuldade em perder peso deixou de ser explicada apenas pelo excesso de calorias consumidas. Pesquisas mostram que a forma como o corpo responde à alimentação depende fortemente da microbiota intestinal, o conjunto de microrganismos que habita o intestino, influenciando como o organismo armazena gordura, regula o apetite e gasta energia.

A microbiota intestinal é formada por bilhões de bactérias, fungos e outros microrganismos que vivem principalmente no intestino grosso
A microbiota intestinal é formada por bilhões de bactérias, fungos e outros microrganismos que vivem principalmente no intestino grossoImagem gerada por inteligência artificial

O que é microbiota intestinal e qual a sua relação com o peso corporal?

A microbiota intestinal é formada por bilhões de bactérias, fungos e outros microrganismos que vivem principalmente no intestino grosso. Em equilíbrio, essas populações auxiliam na digestão, produzem vitaminas, participam da defesa imunológica e colaboram com o metabolismo energético.

Quando ocorre um desequilíbrio, quadro conhecido como disbiose, o organismo pode passar a absorver nutrientes de forma diferente e produzir mais substâncias inflamatórias. Pesquisas indicam que certas combinações de bactérias se associam a maior tendência ao acúmulo de tecido adiposo, favorecendo ganho de peso mesmo com ingestão calórica semelhante à de outras pessoas.

Como a microbiota intestinal influencia o emagrecimento além das calorias?

A relação entre microbiota intestinal e emagrecimento envolve não só a absorção de calorias, mas também o impacto no apetite, na saciedade e na inflamação crônica de baixo grau. Bactérias intestinais produzem ácidos graxos de cadeia curta e outros metabólitos que se comunicam com o cérebro, fígado e músculos, modulando o uso de energia.

Alterações na flora intestinal podem afetar hormônios como grelina, leptina e GLP-1, influenciando fome e saciedade. A inflamação sistêmica associada à disbiose costuma prejudicar a sensibilidade à insulina, favorecendo resistência insulínica e acúmulo de gordura abdominal, fatores frequentemente ligados à dificuldade de perda de peso.

Assista abaixo um vídeo do canal Genoma usp no Youtube sobre como a microbiota intestinal pode ajudar ou prejudicar na perca de peso:

Quais fatores do dia a dia alteram a microbiota intestinal?

A composição da flora intestinal é dinâmica e responde a diversos elementos do estilo de vida, como alimentação, sono, estresse, atividade física e uso de medicamentos. Ao longo da vida, idade, tipo de parto, histórico de amamentação e doenças crônicas também influenciam o perfil microbiano.

Entre os principais fatores que podem desequilibrar a microbiota e, indiretamente, dificultar o emagrecimento, destacam-se:

  • Alimentação: dietas pobres em fibras e ricas em açúcar e gordura saturada reduzem a diversidade de bactérias benéficas.
  • Medicamentos: antibióticos e alguns antiácidos podem alterar significativamente a composição da microbiota.
  • Estresse e sono: altos níveis de estresse e poucas horas de sono favorecem quadros de disbiose intestinal.
  • Sedentarismo: a falta de movimento está associada a menor diversidade microbiana em comparação a rotinas ativas.
A microbiota intestinal é formada por bilhões de bactérias, fungos e outros microrganismos que vivem principalmente no intestino grosso
A microbiota intestinal é formada por bilhões de bactérias, fungos e outros microrganismos que vivem principalmente no intestino grossoImagem gerada por inteligência artificial

Como cuidar da microbiota intestinal para favorecer o emagrecimento?

Ajustar a microbiota intestinal para emagrecer não substitui orientações nutricionais tradicionais, mas pode potencializar os resultados quando combinado a mudanças de estilo de vida. Em alguns casos, médicos e nutricionistas podem avaliar exames, histórico clínico e sintomas intestinais para personalizar recomendações.

Entre as estratégias mais estudadas estão o aumento do consumo de fibras (frutas, verduras, legumes, grãos integrais e leguminosas) e a inclusão moderada de alimentos fermentados, como kefir e iogurte natural. Reduzir ultraprocessados, cuidar do sono, manejar o estresse e, quando indicado, considerar o uso de probióticos e prebióticos sob orientação profissional ajudam a criar um ambiente intestinal mais favorável ao controle de peso.