Por que algumas pessoas não conseguem emagrecer mesmo com dieta?
O que vive no seu intestino pode estar sabotando sua perda de peso
Nos últimos anos, a dificuldade em perder peso deixou de ser explicada apenas pelo excesso de calorias consumidas. Pesquisas mostram que a forma como o corpo responde à alimentação depende fortemente da microbiota intestinal, o conjunto de microrganismos que habita o intestino, influenciando como o organismo armazena gordura, regula o apetite e gasta energia.

O que é microbiota intestinal e qual a sua relação com o peso corporal?
A microbiota intestinal é formada por bilhões de bactérias, fungos e outros microrganismos que vivem principalmente no intestino grosso. Em equilíbrio, essas populações auxiliam na digestão, produzem vitaminas, participam da defesa imunológica e colaboram com o metabolismo energético.
Quando ocorre um desequilíbrio, quadro conhecido como disbiose, o organismo pode passar a absorver nutrientes de forma diferente e produzir mais substâncias inflamatórias. Pesquisas indicam que certas combinações de bactérias se associam a maior tendência ao acúmulo de tecido adiposo, favorecendo ganho de peso mesmo com ingestão calórica semelhante à de outras pessoas.
Como a microbiota intestinal influencia o emagrecimento além das calorias?
A relação entre microbiota intestinal e emagrecimento envolve não só a absorção de calorias, mas também o impacto no apetite, na saciedade e na inflamação crônica de baixo grau. Bactérias intestinais produzem ácidos graxos de cadeia curta e outros metabólitos que se comunicam com o cérebro, fígado e músculos, modulando o uso de energia.
Alterações na flora intestinal podem afetar hormônios como grelina, leptina e GLP-1, influenciando fome e saciedade. A inflamação sistêmica associada à disbiose costuma prejudicar a sensibilidade à insulina, favorecendo resistência insulínica e acúmulo de gordura abdominal, fatores frequentemente ligados à dificuldade de perda de peso.
Assista abaixo um vídeo do canal Genoma usp no Youtube sobre como a microbiota intestinal pode ajudar ou prejudicar na perca de peso:
Quais fatores do dia a dia alteram a microbiota intestinal?
A composição da flora intestinal é dinâmica e responde a diversos elementos do estilo de vida, como alimentação, sono, estresse, atividade física e uso de medicamentos. Ao longo da vida, idade, tipo de parto, histórico de amamentação e doenças crônicas também influenciam o perfil microbiano.
Entre os principais fatores que podem desequilibrar a microbiota e, indiretamente, dificultar o emagrecimento, destacam-se:
- Alimentação: dietas pobres em fibras e ricas em açúcar e gordura saturada reduzem a diversidade de bactérias benéficas.
- Medicamentos: antibióticos e alguns antiácidos podem alterar significativamente a composição da microbiota.
- Estresse e sono: altos níveis de estresse e poucas horas de sono favorecem quadros de disbiose intestinal.
- Sedentarismo: a falta de movimento está associada a menor diversidade microbiana em comparação a rotinas ativas.

Como cuidar da microbiota intestinal para favorecer o emagrecimento?
Ajustar a microbiota intestinal para emagrecer não substitui orientações nutricionais tradicionais, mas pode potencializar os resultados quando combinado a mudanças de estilo de vida. Em alguns casos, médicos e nutricionistas podem avaliar exames, histórico clínico e sintomas intestinais para personalizar recomendações.
Entre as estratégias mais estudadas estão o aumento do consumo de fibras (frutas, verduras, legumes, grãos integrais e leguminosas) e a inclusão moderada de alimentos fermentados, como kefir e iogurte natural. Reduzir ultraprocessados, cuidar do sono, manejar o estresse e, quando indicado, considerar o uso de probióticos e prebióticos sob orientação profissional ajudam a criar um ambiente intestinal mais favorável ao controle de peso.