Por que estes alimentos aceleram o envelhecimento biológico? 

Diferente da idade cronológica, contada em anos, o envelhecimento biológico é medido por marcadores no DNA que revelam o desgaste real do corpo

03/03/2025 23:00

Diferente da idade cronológica, contada em anos, o envelhecimento biológico é medido por marcadores no DNA que revelam o desgaste real do corpo – :altmodern/iStock 
Diferente da idade cronológica, contada em anos, o envelhecimento biológico é medido por marcadores no DNA que revelam o desgaste real do corpo – :altmodern/iStock  - altmodern/iStock

Os alimentos ultraprocessados podem ser práticos e saborosos, mas escondem um custo alto: o aceleramento do relógio biológico. Repletos de aditivos, conservantes e calorias vazias, eles têm sido associados a um envelhecimento mais rápido do organismo.

Essa foi a conclusão de um estudo liderado pela professora brasileira Barbara Cardoso, da Universidade Monash, na Austrália, e publicado na renomada revista científica Age and Ageing.

Diferente da idade cronológica, contada em anos, o envelhecimento biológico é medido por marcadores no DNA que revelam o desgaste real do corpo. Esse processo pode ser acelerado por fatores como alimentação inadequada, sedentarismo e predisposição genética.

Como os ultraprocessados turbinam o envelhecimento?

A pesquisa analisou dados de 16 mil americanos entre 20 e 79 anos, coletados pelo estudo nacional NHANES (Pesquisa Nacional de Exames de Saúde e Nutrição dos EUA). O resultado foi alarmante: um aumento de 10% no consumo de ultraprocessados equivale a um envelhecimento biológico 2,4 meses mais rápido.

Comparando dois grupos — um com 68% ou mais das calorias diárias vindas desses alimentos e outro com menos de 39% —, os primeiros apresentavam, em média, uma idade biológica 0,86 ano superior à cronológica.

A explicação? Barbara Cardoso aponta para a exposição a substâncias químicas presentes nesses produtos, desde conservantes e corantes até componentes das embalagens. Esses compostos podem impactar negativamente o organismo e contribuir para o envelhecimento precoce.

“Se considerarmos uma dieta de 2.000 calorias por dia, consumir 200 calorias extras de ultraprocessados — o equivalente a uma pequena barra de chocolate — pode acelerar o envelhecimento biológico em mais de dois meses em relação à idade cronológica”, alerta a pesquisadora.

Outros riscos

O impacto dos ultraprocessados vai além do envelhecimento. Pesquisas já os relacionaram a telômeros mais curtos (estruturas ligadas à longevidade celular) e a um risco aumentado de declínio cognitivo e demência. Além disso, há evidências da associação desses alimentos com doenças como:

Obesidade
Diabetes tipo 2
Câncer
Depressão
Problemas cardiovasculares

O que são alimentos ultraprocessados?

Se você está se perguntando quais alimentos entram nessa categoria, aqui estão alguns exemplos comuns:

Biscoitos industrializados
Sorvetes
Bolos prontos
Cereais matinais açucarados
Barras de cereais
Temperos instantâneos
Salgadinhos de pacote
Refrigerantes e refrescos artificiais
Achocolatados
Iogurtes e bebidas lácteas adoçadas
Bebidas energéticas
Caldos industrializados
Produtos congelados e prontos para consumo (como pizzas, hambúrgueres, nuggets e salsichas)

Como fugir da armadilha dos ultraprocessados?

A boa notícia é que pequenas mudanças na alimentação podem ajudar a frear esse processo. O Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda priorizar alimentos naturais e minimamente processados. Para isso, a pesquisadora Barbara Cardoso sugere:

✔ Aumentar o consumo de alimentos integrais: dê preferência a frutas, legumes, grãos integrais, nozes e sementes. ✔ Ler os rótulos: evite produtos com listas extensas de ingredientes desconhecidos. ✔ Cozinhar mais em casa: preparar suas próprias refeições permite um controle maior sobre os ingredientes e evita armadilhas alimentares.

A longevidade começa no prato. Escolher alimentos naturais e frescos pode ser a chave para um envelhecimento mais saudável e equilibrado. Que tal começar hoje?

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