Por que vídeos de espinhas sendo estouradas causam fascínio?

08/06/2017 18:21 / Atualizado em 29/06/2017 18:37

Sentir nojo é normal e até ajudou na evolução do ser humano, já que funciona como um mecanismo de proteção que faz com que evitemos potenciais riscos, doenças e contágio como cobras, insetos, comida estragada, feridas infeccionadas ou locais sujos e insalubres.

Sendo assim, pode ser difícil entender como muitas pessoas têm fascinação por coisas consideradas nojentas, como os vídeos de extração de espinhas gigantescas e cheias de pus, que fazem sucesso na internet.

“As pessoas são atraídas por coisas que as incomodam”, diz psicólogo
“As pessoas são atraídas por coisas que as incomodam”, diz psicólogo - Getty Images/iStockphoto

“As pessoas muitas vezes são atraídas por coisas que as incomodam”, diz Alexander Skolnick, psicólogo da Universidade de São José, que estuda o que é possivelmente a emoção mais subestimada: o nojo, segundo matéria do site Quartz.

Pesquisadores da universidade chegaram a uma resposta após realizar estudos sobre a natureza do nojo, que tem origem no cérebro reptiliano, uma das partes mais antigas na linha da evolução cerebral e que nós compartilhamos com animais primitivos.

Durante o estudo, eles realizaram testes para entender a relação entre a curiosidade e o nojo que sentimos. Para tanto, foram apresentados aos participantes objetos nojentos e/ou fascinantes.

Entre os artefatos, que ao mesmo tempo podiam ser asquerosos e interessantes, estavam escovas sujas e cheias de cabelo, hologramas, sapos dissecados e imãs gigantes. E chegaram à conclusão que quanto mais nojento era o objeto, mais distância as pessoas queriam dele, por mais curioso que pudesse parecer.

Então como explicar o sucesso de vídeos de cravos e espinhas sendo espremidos?

No vídeo, você mata curiosidade sem se ‘expor’ ao alertas de risco da mente
No vídeo, você mata curiosidade sem se ‘expor’ ao alertas de risco da mente - Getty Images

Justamente a distância!

Ao assistir esse ato numa tela, você consegue saciar sua curiosidade sem se ‘expor’ aos alertas de risco que sua mente enviaria para isso em uma situação real.

Seria algo como assistir um filme de terror, onde você sente a adrenalina das situações de perigo, mas sabe que no fundo não existe ameaça real.

“Eu acho que é sobre experimentar essas coisas de maneira segura”, diz Skolnick, que comenta que apesar da situação ainda provocar certo nojo, ao assistir esses vídeos as pessoas sentem-se seguras por ter o controle de poder fechar desligar o aparelho ou fechar a imagem a qualquer momento que o medo ou nojo ficarem grandes demais.