Proteína p53 é restaurada e desacelera câncer colorretal, revela novo estudo

O trabalho destaca a relevância da proteína p53 na prevenção do crescimento descontrolado de células tumorais

30/05/2025 20:02

Um novo estudo publicado na revista Oncotarget revelou detalhes cruciais sobre o papel da proteína p53 no comportamento das células de cêncer. A pesquisa foi conduzida por cientistas do Sidney Kimmel Comprehensive Cancer Center e da Johns Hopkins University School of Medicine.

Proteína p53 é restaurada e desacelera câncer colorretal, revela novo estudo
Proteína p53 é restaurada e desacelera câncer colorretal, revela novo estudo - iSTock/Mohammed Haneefa Nizamudeen

O trabalho destaca a relevância da proteína p53 na prevenção do crescimento descontrolado de células tumorais, especialmente no câncer colorretal, que representa 10% dos casos de câncer no mundo. A descoberta traz perspectivas promissoras para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.

O papel da p53 no controle celular

Conhecida como a guardiã do código genético humano, a proteína p53 atua no bloqueio da multiplicação celular anormal. Quando está funcional, ela é uma barreira natural contra a formação de tumores.

No entanto, em muitos casos de câncer, a p53 sofre mutações ou tem sua ação suprimida, permitindo o avanço das células malignas. Essa alteração na proteína está ligada à resistência dos tumores às terapias tradicionais.

Restaurar a proteína pode mudar o rumo da doença

No experimento, os pesquisadores conseguiram restaurar a função da p53 em células de câncer colorretal. Isso resultou em uma desaceleração no crescimento celular, aumento da senescência e maior sensibilidade à radioterapia.

Esses efeitos mostram que o status da p53 influencia diretamente a evolução do tumor e a resposta ao tratamento. A reversão da inatividade da proteína abre portas para novas abordagens clínicas.

Especialistas veem esperança em tratamentos personalizados

Proteína p53 é restaurada e desacelera câncer colorretal, revela novo estudo
Proteína p53 é restaurada e desacelera câncer colorretal, revela novo estudo - artacet/istock

Segundo Pedro Morgan, radiologista com foco em imagem oncológica, “a resistência ao tratamento é um dos maiores desafios na luta contra o câncer”.

Ele acrescenta: “Esse estudo oferece uma nova perspectiva no tratamento do câncer, destacando o papel da p53 na regulação do carcinoma e como sua restauração pode melhorar os resultados das terapias, especialmente quando os tumores já adquiriram resistência.”

A combinação dessa abordagem genética com exames como ressonância magnética permite acompanhar a resposta molecular do tumor e adaptar a terapia.

Descobertas além do câncer colorretal

Os pesquisadores também investigaram as células humanas hTERT-RPE1, que não são cancerígenas, mas servem como modelo em estudos celulares.

Ao romper o gene TP53 nessas células, elas passaram a crescer mais rapidamente e se tornaram resistentes à radiação. Esse resultado reforça o papel da p53 como fator essencial na supressão tumoral.

Dois novos genes podem ajudar no combate ao câncer

A equipe identificou dois genes regulados pela p53 com potencial terapêutico: ALDH3A1 e NECTIN4. O primeiro auxilia na desintoxicação celular e na defesa contra estresse oxidativo.

Já o NECTIN4 aparece com frequência em casos agressivos de câncer de bexiga e de mama. Ambos representam novos alvos que podem ampliar a eficácia de futuros medicamentos.

Tratamentos moldados ao perfil genético dos tumores

Para o geneticista Gustavo Guida, do laboratório Sérgio Franco, “com resultados como esses, é possível indicar tratamentos e medicamentos mais adaptados às características genéticas e moleculares de cada tumor.”

Ele conclui: “Ao entender como diferentes tumores atuam na p53 e em outras células, conseguimos criar abordagens terapêuticas mais eficazes, minimizando os efeitos colaterais e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.”

A personalização terapêutica baseada na genética tumoral se apresenta como uma das estratégias mais promissoras na oncologia moderna.