Quando e como buscar ajuda psicológica para crianças?

Psicoterapia infantil: um caminho seguro para ajudar as crianças a lidar com desafios emocionais e sociais

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
11/12/2024 19:33 / Atualizado em 19/12/2024 21:32

O sucesso de “Divertida Mente 2” nos cinemas trouxe à tona um tema muito presente na vida das crianças: a dificuldade de lidar com emoções desconhecidas.

Assim como a protagonista Riley, muitas crianças enfrentam desafios emocionais que podem ser suavizados com o apoio da psicoterapia, um recurso essencial para promover um desenvolvimento emocional saudável.

Quando e como buscar ajuda psicológica para crianças?
Quando e como buscar ajuda psicológica para crianças? - Depositphotos/monkeybusiness

Quando a psicoterapia infantil é necessária?

A psicoterapia é indicada para crianças que apresentam dificuldades emocionais, comportamentais ou sociais que comprometem seu desenvolvimento.

Denise Silveira Barbosa, professora de Psicologia da Universidade Positivo (UP), explica que sinais como agressividade, retraimento, problemas de socialização, alterações no sono ou na alimentação, ansiedade ou traumas podem indicar a necessidade de acompanhamento.

Além disso, situações como mudanças de escola, separação dos pais, luto ou dificuldades escolares podem ser menos dolorosas com a ajuda de um psicólogo.

Mesmo situações cotidianas, como conflitos entre irmãos ou expectativas parentais não atendidas, podem justificar a busca por apoio profissional. A psicoterapia infantil proporciona à criança um espaço seguro para elaborar suas experiências e oferece orientação aos pais.

A psicoterapia infantil ajuda as crianças a compreender e expressar suas emoções em um ambiente acolhedor.
A psicoterapia infantil ajuda as crianças a compreender e expressar suas emoções em um ambiente acolhedor. - Depositphotos/Valerii_Honcharuk

A importância do acompanhamento em casos de neurodivergência

Crianças diagnosticadas com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou outras condições neurodivergentes também se beneficiam da psicoterapia.

Essas situações podem trazer desafios emocionais e comportamentais que impactam a qualidade de vida da criança. Segundo especialistas, a terapia ajuda a desenvolver estratégias adaptativas e habilidades de interação social e regulação emocional.

Esse acompanhamento cria um ambiente seguro para a criança explorar suas emoções e superar dificuldades, promovendo um bem-estar emocional essencial para seu desenvolvimento.

Idade mínima para iniciar a psicoterapia

A psicoterapia infantil pode ser iniciada em qualquer idade, inclusive no primeiro ano de vida, se houver indícios de problemas de desenvolvimento.

Romano Zattoni, também professor de Psicologia da UP, destaca que o trabalho com crianças muito pequenas foca principalmente na orientação parental. Isso ajuda os pais a criarem um ambiente favorável para o desenvolvimento emocional e comportamental da criança.

Para cada faixa etária, há abordagens específicas que respeitam as necessidades e o grau de compreensão da criança. Por isso, é essencial buscar profissionais especializados em psicoterapia infantil, que entendam as especificidades desse público.

Com o apoio de psicólogos especializados, crianças enfrentam desafios emocionais e comportamentais de forma saudável.
Com o apoio de psicólogos especializados, crianças enfrentam desafios emocionais e comportamentais de forma saudável. - Depositphotos/Milkos

O papel fundamental da família

A família desempenha um papel central no sucesso da psicoterapia infantil. Os pais e cuidadores atuam como agentes de mudança, aplicando no dia a dia as estratégias discutidas em sessão.

Além disso, a participação ativa da família permite ao terapeuta compreender melhor o contexto da criança, muitas vezes incapaz de expressar plenamente seus sentimentos.

Para contribuir com o processo terapêutico, os pais precisam estar dispostos a refletir sobre dinâmicas familiares que possam influenciar no comportamento da criança. Honestidade, abertura e comunicação são aspectos cruciais para o sucesso do tratamento.

Escolha do profissional e ambiente seguro

Ao escolher um psicólogo infantil, é fundamental que ele seja especializado e tenha experiência com crianças. Além disso, o ambiente oferecido deve ser acolhedor e seguro, para que a criança se sinta à vontade para expressar suas emoções e comportamentos.

A relação de confiança entre o terapeuta e a família também é essencial. Os pais devem se sentir ouvidos e apoiados, pois muitas vezes as dificuldades enfrentadas pela criança estão ligadas às experiências e desafios vividos pelos próprios cuidadores. Essa parceria é determinante para que os resultados sejam efetivos e duradouros.

Infância instável e o risco de depressão

Pesquisas indicam que mudanças frequentes de residência na infância aumentam significativamente as chances de depressão na vida adulta.

Um estudo dinamarquês revelou que crianças que se mudam várias vezes até os 15 anos enfrentam riscos elevados de problemas psicológicos, como depressão. A instabilidade afeta o desenvolvimento emocional e a construção de vínculos, fundamentais para a saúde mental. Saiba mais!