Quantos amigos é preciso ter para ser feliz? A ciência ajuda a responder

Ter amigos próximos faz bem para a saúde e ajuda a combater a solidão; veja o que diz a ciência

28/05/2025 10:02 / Atualizado em 29/05/2025 22:23

Em tempos de redes sociais lotadas, nunca foi tão fácil mandar uma mensagem — e tão difícil sentir uma conexão real. A amizade, que parece algo simples, tem se tornado cada vez mais rara na vida adulta.

Amizade de verdade faz diferença em qualquer fase da vida. | (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional.)
Amizade de verdade faz diferença em qualquer fase da vida. | (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional.) - iStock/andreswd

Nos Estados Unidos, o número de pessoas que dizem não ter nenhum amigo próximo cresceu de forma alarmante nos últimos anos.

Dados apontam que, entre 2008 e 2021, esse índice saltou de 3% para 12%. Entre as mulheres, o aumento foi ainda mais expressivo. O cenário acende um alerta: com quem realmente podemos contar?

Existe uma quantidade ideal de amigos?

Pesquisas sugerem que ter entre três e seis amizades próximas é uma média comum entre os adultos. Mas não se trata apenas de quantidade.

A chamada teoria do “número de Dunbar” propõe que uma pessoa consegue manter até 150 relações ativas ao mesmo tempo, mas apenas cinco dessas seriam verdadeiramente profundas.

A criação de vínculos exige tempo e presença. Estima-se que sejam necessárias cerca de 200 horas de convivência para que um laço realmente íntimo se forme. E esse tempo não se resume a estar no mesmo ambiente, mas a se abrir, dividir, ouvir e ser ouvido.

Qual é o impacto de amizades na saúde?

Estudos mostram que amizades sólidas contribuem diretamente para o bem-estar físico e emocional. Pessoas com mais amigos próximos tendem a apresentar menor pressão arterial, níveis inflamatórios mais baixos e maior satisfação com a vida, especialmente na meia-idade.

No Brasil, dados apontam que metade da população se sente solitária. Mesmo rodeadas de pessoas, muitas vivem sem um vínculo verdadeiro, daqueles que nos ajudam a atravessar os dias mais difíceis.

Como perceber que a solidão está presente?

Alguns sinais podem indicar um distanciamento social mais profundo:

  • Passar dias sem conversar com ninguém fora do trabalho;
  • Sentir solidão mesmo em ambientes cheios;
  • Recusar convites por acreditar que não terá o que dizer.

Durante a pandemia, um em cada três americanos relatou sentir uma solidão intensa. Identificar esses gatilhos é essencial para buscar mudanças.

Ainda dá tempo de mudar?

Mesmo com a rotina corrida, é possível reaproximar-se de quem já fez parte da vida ou abrir espaço para novas conexões.

Caminhar com um amigo, fazer compras juntos ou mandar um áudio de dois minutos pode parecer pouco, mas faz diferença.

Para quem é mais introspectivo, participar de grupos com interesses em comum — como clubes de leitura, oficinas ou aulas — pode ser uma forma leve de conhecer novas pessoas.

No fim, não existe um número mágico de amigos. Enquanto alguns se sentem completos com dois ou três confidentes, outros encontram alegria em grandes grupos. O essencial é ter alguém com quem seja possível dividir alegrias, dores e silêncios.

Em um mundo que valoriza curtidas e seguidores, vale lembrar que o afeto não se mede em quantidade, mas em presença. Amizade verdadeira é construída no tempo, no cuidado e na escolha diária de estar ali.