Quantos minutos de vida perdemos com uma má alimentação? Estudo da USP responde
Entre os 33 alimentos mais consumidos pelos brasileiros, a bolacha recheada foi a que apresentou o pior desempenho
Você sabia que comer menos de um pacote de bolachas recheadas por dia pode tirar quase 40 minutos da sua vida saudável? Esse dado impactante faz parte de um estudo inovador que avaliou, ao mesmo tempo, os efeitos da má alimentação sobre a saúde humana e o meio ambiente no Brasil.
Publicado na revista International Journal of Environmental Research and Public Health, o estudo se baseia no Índice Nutricional de Saúde (HENI). Esse índice estima, com base em dados científicos, quantos minutos de vida saudável (sem doenças ou incapacidades) são ganhos ou perdidos a cada porção média de alimentos consumidos no país. A investigação científica foi conduzida por pesquisadores da USP, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU).
Bolacha recheada: campeã do prejuízo
Entre os 33 alimentos mais consumidos pelos brasileiros, a bolacha recheada foi a que apresentou o pior desempenho: -39,69 minutos de vida saudável por porção. Em comparação, alimentos como banana (+8 minutos), feijão (+6,5 minutos) e peixes de água doce (+17 minutos) mostraram benefícios para a saúde e ainda são mais amigáveis ao meio ambiente.
O que mais faz mal?
Outros alimentos com alto impacto negativo incluem:
- Carne suína: -36 minutos
- Margarina: -25 minutos
- Carne bovina: -22 minutos
- Biscoito salgado: -19 minutos
- Por outro lado, arroz com feijão, prato símbolo do Brasil, aparece como um aliado, com +2 minutos de vida saudável por porção.
Saúde e meio ambiente de mãos dadas
O estudo também analisou o impacto ambiental de cada alimento, considerando a emissão de gases do efeito estufa e o uso de água. A pizza de muçarela, por exemplo, usa mais de 300 litros de água por porção. Já um prato de carne bovina pode emitir mais de 21 kg de CO₂, enquanto uma banana emite apenas 0,1 kg e usa cerca de 15 litros de água.
O retrato do prato brasileiro
O levantamento apontou que a dieta nacional ainda gira em torno de arroz, feijão e carnes. Há pouca diversidade, principalmente de alimentos nativos e saudáveis, que podem contribuir para a saúde e a sustentabilidade.
As regiões Norte e Nordeste apresentaram os maiores desafios, com perdas de até -61 minutos de vida saudável em alguns alimentos tradicionais, como a carne seca.
Um alerta e uma oportunidade
Segundo os autores, melhorar a alimentação dos brasileiros não depende só de informação. É preciso garantir acesso real, contínuo e acessível a alimentos saudáveis, especialmente para as populações mais vulneráveis.
Além disso, o estudo destaca o papel da agricultura familiar, que produz alimentos mais nutritivos com menor impacto ambiental, como mandioca, frutas e hortaliças, mas ainda enfrenta desvantagens diante do agronegócio, responsável por mais de 70% do uso da água no país.
Escolhas que transformam
Este estudo reforça um ponto essencial: nossas escolhas alimentares têm consequências reais, tanto para nossa saúde quanto para o planeta. Valorizar alimentos naturais, diversificados e produzidos de forma sustentável é um caminho promissor para vivermos mais e melhor — e deixarmos um legado positivo para as próximas gerações.
Alimentos que aumentam a longevidade
Uma série de alimentos e bebidas, ricos em flavonol, pode ter um papel crucial para a sua longevidade, garante um estudo publicado na revista científica Scientific Reports.
Especialistas enfatizam que a dieta desempenha um papel importante na nossa saúde e bem-estar, sendo que alguns alimentos são conhecidos por reduzir o risco de doenças, enquanto outros aumentam o risco.