Quantos passos por dia reduzem o risco de câncer? Ciência aponta a quantidade ideal

Em tempos de sedentarismo, incluir uma caminhada na rotina pode ser mais poderoso para sua saúde do que você imagina

Por Clara Figueiredo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
11/06/2025 23:00 / Atualizado em 22/06/2025 23:42

Caminhar cerca de 7 mil passos por dia já é suficiente para reduzir o risco de desenvolver até 13 tipos diferentes de câncer
Caminhar cerca de 7 mil passos por dia já é suficiente para reduzir o risco de desenvolver até 13 tipos diferentes de câncer - iStock/ Jelena Stanojkovic

A caminhada, uma das formas de exercício mais simples e acessíveis, acaba de ganhar mais um motivo para fazer parte da sua rotina. Um novo estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, revelou que caminhar cerca de 7 mil passos por dia já é suficiente para reduzir o risco de desenvolver até 13 tipos diferentes de câncer.

E os benefícios aumentam: atingir 9 mil passos diários pode elevar essa proteção para até 16% de redução no risco. No entanto, segundo os pesquisadores, ultrapassar esse número não traz ganhos adicionais contra a doença.

Caminhar funciona — mesmo em ritmo leve

O estudo, publicado no British Journal of Sports Medicine, acompanhou mais de 85 mil adultos britânicos por quase seis anos. Durante uma semana, os participantes usaram dispositivos no pulso para monitorar seus movimentos, permitindo aos cientistas avaliar tanto a quantidade quanto a intensidade dos passos.

O resultado foi claro: andar entre 5 mil e 9 mil passos por dia já faz uma diferença significativa na prevenção do câncer, independentemente da velocidade. Ou seja, não é necessário caminhar rápido ou fazer exercícios intensos — uma simples caminhada em ritmo confortável já traz benefícios reais.

Quais tipos de câncer estão associados?

A pesquisa analisou especificamente 13 tipos de câncer relacionados ao sedentarismo e à baixa atividade física. São eles:

  • Câncer de esôfago
  • Câncer de fígado
  • Câncer de pulmão
  • Câncer de rim
  • Câncer de estômago
  • Câncer de endométrio
  • Leucemia mieloide
  • Mieloma
  • Câncer de intestino
  • Câncer de cabeça e pescoço
  • Câncer de reto
  • Câncer de bexiga
  • Câncer de mama

Durante o acompanhamento, cerca de 3% dos participantes desenvolveram algum desses cânceres, sendo os mais frequentes: câncer de intestino e pulmão entre os homens, e câncer de mama, intestino, endométrio e pulmão entre as mulheres.

Por que caminhar protege contra o câncer?

De acordo com o Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, os benefícios da caminhada estão ligados a vários mecanismos do corpo, como:

  • Controle dos níveis de insulina, que quando elevados podem favorecer o desenvolvimento de células cancerígenas;
  • Fortalecimento do sistema imunológico, ajudando a combater inflamações e infecções associadas ao câncer;
  • Equilíbrio hormonal, reduzindo fatores de risco hormonais;
  • Manutenção do peso saudável, o que diminui o risco de cânceres relacionados à obesidade;
  • Redução do tempo sedentário, fator que, isoladamente, já está ligado a maior incidência de diversos tipos de câncer.

O estudo também reforça que substituir momentos sedentários por atividades leves tem mais impacto na saúde do que trocar atividades leves por exercícios intensos. Isso significa que cada movimento ao longo do dia conta.

Caminhar é uma das estratégias de prevenção mais simples, baratas e acessíveis — especialmente a partir da meia-idade, quando o risco de câncer cresce
Caminhar é uma das estratégias de prevenção mais simples, baratas e acessíveis — especialmente a partir da meia-idade, quando o risco de câncer cresce - iStock/ FG Trade

Saúde ao alcance dos seus passos

Para a bioquímica e professora Mhairi Morris, da Universidade de Loughborough, caminhar é uma das estratégias de prevenção mais simples, baratas e acessíveis — especialmente a partir da meia-idade, quando o risco de câncer cresce.

“Atividades simples, como caminhar, tornam a prevenção mais acessível e viável para mais pessoas”, escreveu ela em artigo no The Conversation.

A principal lição do estudo é clara: não é preciso começar com grandes metas. Pequenas mudanças, como optar pelas escadas, caminhar até o mercado ou dar voltas no quarteirão, já são passos importantes para proteger sua saúde.