Refrigerante pode aumentar risco de ataque cardíaco

Pesquisa revela que o adoçante artificial pode estimular o acúmulo de gordura nas artérias e aumentar inflamações

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
14/03/2025 18:22

Um novo estudo sugere que o consumo de aspartame, um adoçante artificial amplamente utilizado em refrigerantes sem açúcar, pode aumentar o risco de ataques cardíacos e derrames. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Suécia, China e Estados Unidos, que analisaram os efeitos da substância em ratos ao longo de 12 semanas. Durante esse período, os animais receberam doses de aspartame equivalentes ao consumo diário de um ser humano que bebe cerca de três latas de refrigerante diet.

Os resultados, publicados na revista Cell Metabolism, indicaram que o adoçante levou a um aumento nos níveis de insulina nos ratos. Esse fator, por sua vez, foi associado ao desenvolvimento de aterosclerose, uma condição caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nas artérias, aumentando assim os riscos de problemas cardiovasculares ao longo do tempo.

Refrigerante pode aumentar risco de ataque cardíaco
Refrigerante pode aumentar risco de ataque cardíaco - iStock/nitrub

Estudos anteriores e outras evidências

Essa não é a primeira vez que os possíveis efeitos do aspartame e de outros adoçantes artificiais são analisados. Pesquisas anteriores já apontaram uma relação entre o alto consumo de produtos adoçados artificialmente e o aumento do risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

Apesar disso, especialistas ressaltam que substituir açúcar por adoçantes artificiais ainda pode ser uma escolha melhor para a saúde, principalmente para quem busca reduzir a ingestão calórica. No entanto, mais estudos são necessários para entender completamente os impactos dessas substâncias no organismo humano.

Pesquisadores analisam os impactos do aspartame na saúde cardiovascular em estudo experimental com ratos.
Pesquisadores analisam os impactos do aspartame na saúde cardiovascular em estudo experimental com ratos. - iStock/WS Studio

Descobertas do novo estudo

A pesquisa recente revelou que os camundongos expostos ao aspartame desenvolveram placas arteriais maiores e mais gordurosas do que aqueles que não receberam o adoçante. Além disso, os níveis de inflamação no organismo desses animais também foram mais elevados, um indicativo de comprometimento da saúde cardiovascular.

Outro achado importante foi a relação entre o aspartame e o aumento nos níveis de insulina no sangue. Os cientistas observaram que, ao entrar no organismo, a substância parece enganar os receptores sensíveis à doçura presentes na boca, intestinos e outros tecidos, estimulando uma liberação excessiva de insulina.

O papel do CX3CL1 na formação de placas arteriais

Ao aprofundar a investigação, os pesquisadores descobriram um mecanismo pelo qual a insulina elevada pode contribuir para o acúmulo de placas nas artérias. O estudo identificou um sinal imunológico chamado CX3CL1, que se torna especialmente ativo quando os níveis de insulina sobem.

Esse sinal se adere ao revestimento interno dos vasos sanguíneos, funcionando como uma espécie de armadilha para células imunológicas que circulam no sangue. Muitas dessas células estão envolvidas no processo inflamatório dos vasos sanguíneos, o que pode agravar ainda mais os riscos de doenças cardiovasculares.

Excesso de insulina e inflamação podem estar ligados ao consumo de adoçantes artificiais, apontam cientistas.
Excesso de insulina e inflamação podem estar ligados ao consumo de adoçantes artificiais, apontam cientistas. - iStock/master1305

Próximos passos na pesquisa

Apesar das descobertas promissoras, os cientistas ressaltam que esses resultados ainda precisam ser verificados em humanos. O próximo passo da equipe será investigar se o mesmo mecanismo identificado nos ratos ocorre também em pessoas que consomem regularmente adoçantes artificiais. Dessa forma, será possível compreender melhor os reais impactos do aspartame na saúde cardiovascular e definir diretrizes mais seguras para seu consumo.