Remédios populares podem trazer riscos para o cérebro, diz estudo

O uso de medicamentos para ansiedade tem apresentado um aumento significativo nos últimos anos

28/10/2023 23:00

Pesquisa se concentrou no impacto que os remédios causam nas células microgliais do cérebro – iStock/Getty Images
Pesquisa se concentrou no impacto que os remédios causam nas células microgliais do cérebro – iStock/Getty Images - Getty Images/iStockphoto

O uso de medicamentos para ansiedade tem apresentado um aumento significativo nos últimos anos, de acordo com pesquisas recentes sobre o tema. No entanto, estudo realizado no Reino Unido revelou que essas substâncias podem causar, entre muitos efeitos adversos, danos às células do cérebro, levantando preocupações sobre possíveis riscos a longo prazo.

Evidências observadas no estudo mostram que o uso desses medicamentos pode interferir nas espinhas dendríticas, estruturas fundamentais nos neurônios que desempenham um papel crucial na ativação das células do cérebro.

Além disso, o professor Richard Banati, um dos autores do estudo, salienta que uso prolongado de medicamentos para a ansiedade pode contribuir para um aumento do risco de demência.

De acordo com o especialista, o estudo concentrou-se na análise das células microgliais do cérebro, que são células pequenas e altamente móveis que fazem parte da matriz não neuronal na qual os neurônios estão inseridos. É justamente essa matriz, que desempenha um papel significativo no funcionamento das redes neurais.

Efeitos dos remédios no cérebro

Frequentemente utilizado para tratar a ansiedade, abstinência de álcool, convulsões e espasmos musculares, o Diazepam proporciona sedação antes de procedimentos médicos, devido ao seu efeito calmante no corpo.

Por isso, os pesquisadores observaram que esse tipo de medicamento não afeta diretamente as sinapses, mas sim as células microgliais, alterando sua atividade e função.

“Se as conexões entre os neurônios acabarem sendo interrompidas pela atividade das células microgliais, é como desconectar as conexões neurais. Isso pode explicar como mudanças sutis podem levar a uma maior progressão da demência ou, mais especulativamente, causar fadiga severa”, explica Binati.

Por fim, os pesquisadores acreditam que os conhecimentos obtidos nessa pesquisa possam contribuir para o desenvolvimento de medicamentos ansiolíticos que não apresentem efeitos cognitivos tão prejudiciais.