São Paulo registra 76 mortes por síndrome respiratória aguda grave

A poluição por queimadas em São Paulo agrava doenças respiratórias, elevando casos de SRAG e aumentando o risco para grupos vulneráveis

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico Generalista - CRMGO 28223)
10/09/2024 12:33

Entre agosto e a primeira semana de setembro, a cidade de São Paulo registrou 1.523 notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 76 óbitos relacionados, conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde.

Esse aumento coincide com a intensificação das queimadas em diversas regiões do Brasil, que têm afetado diretamente a qualidade do ar da cidade.

São Paulo registra 76 mortes por síndrome respiratória aguda grave.
São Paulo registra 76 mortes por síndrome respiratória aguda grave. - iSTock/Jacob Wackerhausen

O impacto das queimadas

A piora na qualidade do ar está associada às queimadas que ocorrem em quase todos os estados brasileiros desde a segunda metade de agosto.

Na segunda-feira, 9 de setembro, São Paulo registrou a pior qualidade de ar entre as grandes cidades do mundo, segundo o site suíço IQAir, especializado em monitoramento da qualidade do ar.

Saúde respiratória

A inalação da fumaça pode levar ao desenvolvimento de doenças respiratórias semelhantes às observadas em fumantes de cigarros convencionais e eletrônicos.

Inflamações pulmonares e das vias aéreas são comuns, assim como problemas como bronquite aguda, sinusite, além de conjuntivite e infecções de pele. Esses quadros são esperados em situações de alta concentração de poluentes no ar.

A fumaça das queimadas intensifica os problemas respiratórios em São Paulo, com impactos graves na saúde de crianças e idosos.
A fumaça das queimadas intensifica os problemas respiratórios em São Paulo, com impactos graves na saúde de crianças e idosos. - iSTock/William Rodrigues dos Santos

Medidas para aliviar sintomas respiratórios

Para mitigar os efeitos negativos da baixa umidade e da poluição, é recomendado o uso de umidificadores de ar.

Outra opção é espalhar bacias com água e toalhas úmidas pela casa, o que ajuda a elevar a umidade do ambiente.

Essas medidas podem diminuir o desconforto causado por sintomas respiratórios como garganta seca e falta de ar.

Grupos mais vulneráveis

Crianças com menos de cinco anos, especialmente as em seu primeiro ano de vida, e idosos estão entre os mais vulneráveis às mudanças causadas pelas queimadas.

Indivíduos com doenças respiratórias crônicas, como DPOC, asma e bronquite crônica, também sofrem uma piora significativa em seus quadros clínicos, o que aumenta a demanda por atendimentos médicos e idas ao pronto-socorro.

Focos de incêndio em São Paulo e outras regiões do Brasil contribuem para a piora da qualidade do ar, aumentando os casos de doenças respiratórias
Focos de incêndio em São Paulo e outras regiões do Brasil contribuem para a piora da qualidade do ar, aumentando os casos de doenças respiratórias - iSTock/dragana991

Riscos cardiovasculares

Além de prejudicar o sistema respiratório, a fumaça proveniente das queimadas pode provocar complicações no sistema cardiovascular. Entre os problemas relatados estão a doença arterial coronariana, angina e até o risco de infarto.

A exposição contínua à poluição do ar tem efeitos graves não apenas para quem já possui condições pré-existentes, mas também para a população em geral, elevando o risco de emergências médicas.

Queimadas no estado de São Paulo

Até o final da última semana, o estado de São Paulo registrava focos de incêndio em dez cidades. A fumaça dessas queimadas contribui diretamente para a degradação da qualidade do ar, piorando a situação de saúde pública na capital e em outras regiões.