Sem eficácia comprovada, Bolsonaro quer cloroquina no tratamento da covid-19
Atualmente, a prescrição de cloroquina é indicada apenas para os casos graves
Estudos recentes mostram que o uso da cloroquina não tem eficácia comprovada no tratamento do novo coronavírus. Mas mesmo assim o presidente Jair Bolsonaro insiste no uso da droga contra a covid-19.
Na segunda-feira, o ministro da Saúde, Nelson Teich, fez um alerta sobre os efeitos colaterais da cloroquina –um deles é a complicação cardíaca.
“Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina”, escreeu o ministro.
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Ontem, ao ser questionado por jornalistas, Bolsonaro voltou a defender o uso do medicamento e disse que os ministros de seu governo devem estar “afinados” com ele.
“Olha só, todos os ministros, eu já sei qual é a pergunta, têm que estar afinados comigo. Todos os ministros são indicações políticas minhas e quando eu converso com os ministros eu quero eficácia na ponta. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, é o que está acontecendo”, afirmou Bolsonaro.
Hoje pela manhã, na saída do Alvorada, o presidente disse que vai conversar com ministro Nelson Teich para ser alterado o protocolo do Ministério da Saúde, que atualmente prevê a prescrição de cloroquina apenas para os casos graves.
Bolsonaro quer que o remédio seja usado desde o início do tratamento.
Estudo em Nova York
Na segunda-feira, 11, a revista científica “Jama” (“Journal of the American Medical Association”) publicou o resultado de uma das principais pesquisas sobre a efetividade da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19.
O estudo da Universidade de Albany, no estado de Nova York (EUA), não encontrou relação entre o uso do medicamento e a redução da mortalidade pela doença.
Segundo a publicação, foram analisados 1.438 pacientes infectados com coronavírus, em 25 hospitais de Nova York.
A taxa de mortalidade dos pacientes tratados com hidroxicloroquina foi semelhante à dos que não tomaram o medicamento, assim como à das pessoas que receberam hidroxicloroquina combinada com o antibiótico azitromicina.