Ser curioso pode te ajudar a envelhecer melhor, diz pesquisa

A pesquisa, publicada na revista científica PLOS One, revela que, ao contrário do que se pensava, certos tipos de curiosidade são benéficas pra saúde

Por Maíra Campos em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
10/06/2025 11:07 / Atualizado em 23/06/2025 21:42

Você já se perguntou qual é o segredo para um envelhecimento saudável? De acordo com um novo estudo internacional, conduzido por psicólogos da UCLA, manter a curiosidade ativa na terceira idade pode ser um dos caminhos mais eficazes para preservar a saúde mental e até ajudar a prevenir doenças como Alzheimer e demência.

Curiosidade: uma aliada do cérebro na terceira idade

A pesquisa, publicada na revista científica PLOS One, revela que, ao contrário do que se pensava, certos tipos de curiosidade não apenas se mantêm na velhice, como também podem aumentar com o passar dos anos. Isso pode ter um impacto direto na preservação das funções cognitivas.

Segundo o psicólogo da UCLA, Alan Castel, a curiosidade não desaparece com a idade, ela apenas se transforma. Idosos que se mantêm interessados em aprender, principalmente sobre temas que consideram relevantes, tendem a apresentar melhor desempenho cognitivo e menor risco de desenvolver demência.

Estudo reforça a importância de cultivar a curiosidade ao longo da vida
Estudo reforça a importância de cultivar a curiosidade ao longo da vida - Deagreez/istock

Tipos de curiosidade

O estudo diferencia dois tipos de curiosidade:

  • Curiosidade de traço: uma característica de personalidade, mais estável ao longo da vida. Pessoas com alta curiosidade de traço estão constantemente abertas a aprender e explorar.
  • Curiosidade de estado: aquela vontade momentânea de descobrir algo específico, que surge diante de temas de interesse imediato.

Os pesquisadores descobriram que, embora a curiosidade de traço diminua com a idade, a curiosidade de estado — aquela fome de saber sobre assuntos específicos — aumenta consideravelmente após a meia-idade e segue crescendo na terceira idade.

Curiosidade e prevenção de Alzheimer

A manutenção dessa curiosidade específica pode ser uma estratégia natural para proteger o cérebro. De acordo com Castel, pessoas que deixam de se interessar por assuntos que antes amavam podem estar mostrando um dos primeiros sinais de declínio cognitivo.

“Manter-se curioso, especialmente sobre temas que fazem sentido pessoalmente, pode ajudar a manter o cérebro ativo, prevenindo perdas cognitivas associadas ao envelhecimento”, explica Castel.

O estudo também destaca que idosos engajados em hobbies, cursos e atividades de aprendizado — como jardinagem, observação de pássaros ou novos idiomas — apresentam maior resiliência cognitiva.

A curiosidade ajuda a manter o cérebro ativo
A curiosidade ajuda a manter o cérebro ativo - imaginima/istock

Aprender na velhice é mais do que possível, é essencial

Os pesquisadores também apontam que, após os desafios da vida adulta, como carreira, filhos e responsabilidades financeiras, as pessoas tendem a se dedicar mais aos próprios interesses. Isso favorece o aumento da curiosidade de estado e melhora o bem-estar emocional.

“À medida que envelhecemos, não paramos de aprender, apenas ficamos mais seletivos sobre o que queremos aprender”, afirma Castel.