Setembro amarelo: Tecnologia inova tratamento para a saúde mental
O país tem o 3º pior índice de saúde mental do mundo
Com status de pandemia, o estresse atinge 90% da população global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera o Brasil o país com o maior número de pessoas com transtornos de ansiedade.
Em 2019, uma em cada oito pessoas no mundo vivia com algum problema de saúde mental. Especialistas afirmam que os dados alarmantes foram exacerbados pela pandemia de Covid-19. A ciência busca desenvolver tratamentos mais modernos e eficazes para essas doenças.
Como a tecnologia favorece o tratamento para a saúde mental?
Um dos avanços ainda pouco conhecidos no Brasil, mas com resultados já demonstrados, é a Tecnologia REAC, um tipo de tratamento não-invasivo que atua diretamente no sistema nervoso.
A psicóloga e psicanalista Priscila Redder tornou-se uma das primeiras profissionais no país a associar a neuromodulação com a Tecnologia REAC a terapias convencionais na área da Psicologia. Desenvolvido pelos médicos e pesquisadores italianos Salvatore Rinaldi e Vania Fontani, o tratamento é indolor, sem efeitos colaterais e sem contraindicações. Redder atende em sua clínica em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, de bebês a idosos.
A Tecnologia REAC é aplicada com um aparelho que emite correntes radioelétricas de baixíssima intensidade por meio de sondas em contato com a pele do paciente. As correntes interagem com o sistema nervoso promovendo comunicação direta com os campos bioelétricos da pessoa.
O objetivo é que essas correntes permitam que o próprio corpo regule sua atividade bioelétrica celular, resultando em um efeito terapêutico profundo e sistêmico, que respeita o ritmo de cada organismo.
Difundida na medicina brasileira há cerca de dez anos, a neuromodulação com a Tecnologia REAC é indicada para uma série de patologias.
Mas, apesar de tratar primordialmente o comportamento e o humor, apenas recentemente começou a ganhar espaço na Psicologia, demonstrando resultados significativos em problemas de saúde mental e neurológicos, como depressão, burnout, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Há ainda efeitos positivos no tratamento do transtorno do espectro autista (TEA) e síndrome de Down. “A tecnologia cuida não só do comportamento humano e emocional, mas do comportamento da célula também, que está ligado ao sistema imunológico. A forma como nós e nossas células lidamos com o estresse é que acaba ou não desencadeando doenças”, explica Redder, também especialista em Saúde Mental e Neurociência.
Ansiedade no Brasil
O Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) revela que, em 2023, 26,8% dos brasileiros foram diagnosticados com ansiedade e 12,7%, com depressão. São doenças que exigem um tratamento tanto psicológico quanto do sistema nervoso – exatamente o que o trabalho desenvolvido por Redder em sua clínica abrange.
“Assim como realizamos revisões periódicas em nossos carros para identificar e corrigir problemas, a tecnologia atua de forma semelhante no nosso corpo. Com o tempo, o sistema nervoso pode perder a capacidade de reconhecer e reparar disfunções de maneira eficiente, especialmente devido ao estresse. Isso leva o organismo a se adaptar a elas, acreditando que são o ‘novo normal’.
A neuromodulação com a Tecnologia REAC atua como um reset, permitindo que o sistema nervoso recupere sua capacidade de detectar e corrigir esses problemas de forma eficaz,” explica Redder.